Extratos de Piper no controle alternativo de fitonematoides do gênero Meloidogyne em Coffea canephora

Autores

DOI:

https://doi.org/10.6008/CBPC2179-6858.2018.008.0019

Palavras-chave:

Meloidogyne incógnita, Café, Extratos botânicos

Resumo

Os nematoides-das-galhas são mundialmente conhecidos por causar elevados prejuízos à agricultura. No Brasil, as espécies do gênero Meloidogyne são responsáveis por perdas na produção de diversas culturas distribuídas por todo o país. Diante da dificuldade encontrada no controle desses nematoides, várias estratégias vêm sendo estudadas, e dentre elas, o uso de extratos vegetais representa uma alternativa de baixo custo e menos agressivo ao meio ambiente. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de extratos aquosos de diferentes espécies do gênero Piper no controle de M. incognita em ensaios in vitro e in vivo em mudas de Coffea canephora. Os estudos foram conduzidos no laboratório de fitopatologia e em casa de vegetação da Embrapa Rondônia, em Porto Velho. Para as avaliações foram utilizadas seis espécies do gênero Piper, obtendo-se os extratos aquosos de folhas, talos e inflorescências, usados frescos e secos, na concentração 0,1µg/mL. O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado, com 58 tratamentos e seis repetições, além dos controles com água mineral estéril e nematicida (Carbofuran, 20mL.L-1).Para os testes in vitro utilizaram-se placas acrílicas do tipo Elisa como suporte para os microtubos, onde foram colocados separadamente em cada cavidade dos Eppendorfs 100(µL) de extratos e 100(µL) da suspensão contendo 50 ovos do respectivo nematoide. Os ovos foram extraídos utilizando a metodologia descrita por Hussey et al. (1973), modificado por Boneti e Ferraz (1981). As placas foram levadas a incubadoras B.O.D a 25 °C, por 15 dias, no escuro. No décimo sexto dia avaliou-se o número de ovos, juvenis (J2) eclodidos, imóveis e móveis. De todos os extratos de Piper testados, dezessete foram capazes de inibir significativamente a eclosão do fitonematoide. Destes, destacam-se P. hispidum e P. tuberculatum, que apresentaram os melhores efeitos inibitórios (ação ovicida + larvicida). A partir daí, escolhendo-se os extratos que apresentaram efeito nos ensaios in vitro, conduziu-se o experimento in vivo em casa de vegetação. Mudas de C. canephora (Clone CPAF-RO C750, susceptível) com seis meses de idade, mantidas em vasos de 8L, foram inoculadas com 5000 ovos de M. incognita. Após 24 horas aplicaram-se 720mL dos extratos por vaso. A aplicação dos extratos foi repetida aos 30, 60 e 90 dias após a inoculação, avaliando-se as mesmas após 150 dias quanto a ao fator de reprodução (FR), ao número de galhas por grama de raízes (NGGR) e ao número de ovos por grama de raízes (NOGR). O delineamento experimental tanto in vitro quanto in vivo foi do tipo inteiramente casualizado, com seis repetições. Os dados foram submetidos à Anova e as médias comparadas em teste de Scott-Knott a 1% e 5% respectivamente. Dentre os extratos testados in vivo, dezesseis apresentaram redução significativa em relação à FR, NGGR e NOGR, quando comparados ao controle, destacando-se as espécies P. carniconnectivum, P. permucronatum, P. tuberculatum e P. umbellatum, por demonstrarem eficiência no controle populacional do nematoide-das-galhas, pela redução de FR quando comparados ao controle com nematicida comercial. Conclui-se que os extratos aquosos de Piperáceas, apresentam atividade nematicida e podem se usados no desenvolvimento de futuros métodos de controle químico e cultural, em substituição parcial ou total aos nematicidas convencionais.

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Biografia do Autor

Simone Carvalho Sangi, Universidade Federal de Rondônia

Possui graduação (Bacharelado e Licenciatura) em Ciências Biológicas pela Faculdade São Lucas (2014).Bolsista no laboratório de fitopatologia desde 2013. Mestra em Ciências Ambientais pela Universidade Federal de Rondônia UNIR/EMBRAPA (2018). Atualmente é doutoranda em Biodiversidade e Biotecnologia pela REDE Bionorte. Tem experiência na área de Fitopatologia- Embrapa -RO, trabalhando com extratos vegetais no controle de fungos, nematoides e bactérias. Integrante (Estagiária) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA RO). 

José Roberto Vieira Junior, Universidade Federal de Rondônia

Possui graduação em Agronomia pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF (2001) e doutorado em Agronomia (Fitopatologia) pela Universidade Federal de Viçosa (2005). Em 2006, atuou como pesquisador-Bolsista de Desenvolvimento Científico Regional, na Universidade Estadual do Norte Fluminense- UENF. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Fitopatologia, atuando principalmente nos seguintes temas: Controle biológico e alternativo de doenças de plantas, epidemiologia e controle de doenças de plantas, microbiologia agrícola. Atualmente, é pesquisador na área de fitopatologia, na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA, no Centro de Pesquisas Agroflorestais de Rondônia e, desde a fundação em 2013, é membro do programa de pós-graduação em Ciências Ambientais da Universidade Federal de Rondônia.

Cléberson de Freitas Fernandes, Universidade Federal do Ceará

Possui graduação em Farmácia pela Universidade Federal do Ceará (1995), mestrado em Bioquímica pela Universidade Federal do Ceará (1998) e doutorado em Bioquímica pela Universidade Federal do Ceará (2004) e pelo Institute of Phytopathology and Applied Zoology, Giessen, Alemanha, dentro do Programa DAAD/CAPES/CNPq. Pesquisador A da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa. Atua como Docente e Orientador no Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), no Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal - PPG-Bionorte e no Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia de Recursos Naturais da Universidade Federal do Ceará (UFC). Tem experiência na área de Bioquímica Vegetal e Fitopatologia, com ênfase em respostas de defesa ao ataque de patógenos, atuando principalmente nos seguintes temas: mecanismo de defesa de plantas, estresse oxidativo, proteínas vegetais de defesa, análises microscópicas e moleculares da interação planta-patógeno. Atua também na identificação e caracterização de compostos bioativos para o controle de patógenos de interesse agropecuário.

Jessica Silva Felix Bastos, Universidade Federal de Rondônia

Graduada em Ciências Biológicas (Licenciatura e Bacharel, com ênfase em Botânica) pela Faculdade São Lucas( 2014). Realizou estágio (Iniciação Cientifica) na Fundação Oswaldo Cruz - Rondônia na modalidade CIEE, no laboratório de Imunologia Celular e Cultura Celular (2013 - 2014). Atuou como Educadora Ambiental na Sala Verde da Faculdade São Lucas (2014 - 2016). Mestre em Ciências Ambientais pela Universidade Federal de Rondônia (2018). Pós Graduada em Docência do Ensino Superior pela faculdade São Luís (2019).

Aline Souza da Fonseca, Universidade Federal de Rondônia

Possui graduação em Ciências Biológicas (Licenciatura e Bacharelado); Mestrado em Ciências Ambientais e Pós graduação em Docência do Ensino Superior; Atualmente é doutoranda em Biodiversidade e Biotecnologia pelo Programa Bionorte; Atua no Laboratório de Fitopatologia - Embrapa -RO, trabalhando com Atividade Bioquímica, Molecular e Citológica de plantas quanto à resistência a patógenos, também atua com microrganismos e com extratos vegetais sobre fungos, nematoides e bactérias de plantas e solos. Tem experiência na área da educação. É componente do grupo de pesquisa em Biotecnologia Vegetal da Embrapa Rondônia.

Tamiris Chaves Freire, Universidade Federal de Rondônia

Possui graduação em Agronomia pelas Faculdades Integradas Aparício Carvalho (2013). Bolsista no laboratório de fitopatologia desde 2012. Mestra em ciências ambientais pela UNIR/EMBRAPA (2015). Doutoranda em Biodiversidade e Biotecnologia pela REDE Bionorte. Tem experiência na área de fitopatologia, atuando principalmente com: Rhizoctonia solani; Phaseolus vulgaris; Coffea canephora; Nematoides-das-galhas e Hemileia vastatrix. Participação em projetos de pesquisa: Prospecção e validação de substâncias bioativas como estratégia de controle para fitopatógenos (2013 - 2016). Bolsista FUNAPE no projeto "Novas estratégias químicas no controle de Meloidogyne em cafeeiro" (2016). Habilitada em emissão de CFO/CFOC.

Liliani Ogrodowczyk, Universidade Federal de Rondônia

Graduada em Farmácia pelas Faculdades Integradas Aparício Carvalho - FIMCA, estado de Rondônia. Com experiência na área farmacêutica, com ênfase em Farmácia. Mestranda pelo Programa de Pós Graduação em Ciências Ambientais - PGCA - UNIR/Rolim de Moura - Rondônia, desde 2017. Atuante no Laboratório de Fitopatologia - Embrapa - RO, trabalhando com ensaios Bioquímicos para testes de Resistência em Clones de Café Canéfora, uso de extratos de plantas, controle de fitopatógenos, microbiologia vegetal, etc..

Jessica Danila Krugel Nunes, Universidade Federal de Rondônia

Possui graduação em AGRONOMIA pela Universidade Federal de Rondônia (2010), onde atuou como bolsista do Programa de Iniciação Científica PIBIC/CNPQ. Especialização em Piscicultura na Amazônia Brasileira (FASA). Mestranda do Programa de Pós Graduação em Ciências Ambientais - UNIR/EMBRAPA. É professora do ensino básico, técnico e tecnológico no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Rondônia onde ministra aulas no curso de Engenharia Agronômica.

Karen Cristina Chaves Oliveira, Faculdades Integradas Aparício Carvalho

Possui graduação em Agronomia pelas Faculdades Integradas Aparício Carvalho - FIMCA (2018). Bolsista do Consórcio brasileiro de pesquisa e desenvolvimento do café- FUNAPE (2016), realizou atividades como Avaliação da resistência de clones de cafeeiro (Coffea canephora) à duas doenças de parte aérea da cultura. Realizou o projeto da FAPERO (2017) Atividade antifúngica de extratos de Piper alatabacum no controle de fitopatógenos. Realizou atividades no Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Rondônia. 

Rodrigo Barros Rocha, Universidade Federal de Viçosa

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Viçosa (2002), mestrado e doutorado em Genética e Melhoramento pela Universidade Federal de Viçosa (2007). É pesquisador da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) desde Abril de 2007, lotado na Embrapa Rondônia (Centro de Pesquisa Agroflorestal de Rondônia). Está vinculado como docente permanente do Programa de Pós-graduação da rede Bionorte, do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente da Universidade Federal de Rondônia (PGDRA) e do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia para Recursos Amazônicos da Universidade Federal do Amazonas (PGCCTRA). Também exerce atividades como professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Universidade Federal de Rondônia (PGCA). Tem focado seu trabalho no melhoramento genético de plantas perenes, tendo experiência nas áreas de: estatística experimental, métodos de seleção e marcadores moleculares.

Fábio da Silva Barbieri, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Possui graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (1999), mestrado em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2001) e doutorado em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2005). Atualmente é pesquisador A da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa Rondônia atuando na área de Sanidade Animal. Tem experiência na área de Medicina Veterinária, com ênfase em Sanidade Animal - Parasitologia Veterinária, atuando principalmente nos seguintes temas: taxonomia de larvas do gênero Amblyomma, bioensaios para detecção de populações de parasitos resistentes aos pesticidas e avaliação do potencial de novas moléculas para o controle de endo e ectoparasites. 

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Publicado

2019-05-14

Edição

Seção

Desenvolvimento, Sustentabilidade e Meio Ambiente

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