HIV e Leishmaniose tegumentar americana no estado de Sergipe: um estudo do espectro disseminado da coinfecção
DOI:
https://doi.org/10.6008/CBPC2236-9600.2021.003.0016Palavras-chave:
HIV, Leishmaniose, CoinfecçãoResumo
Em pacientes co-infectados por HIV, a Leishmaniose tegumentar americana (LTA) comumente se torna disseminada, além de apresentar manifestações atípicas e mais graves, devido à imunossupressão. Nestes pacientes, a doença é caracterizada por múltiplas lesões atípicas infestadas por parasitos, acometendo vários segmentos corporais, e má resposta ao tratamento padrão, com alta taxa de recidiva. O presente estudo elucida uma descrição de caso admitido no Hospital de Urgências de Sergipe (HUSE), com análise de diagnóstico e conduta baseada na literatura referente à coinfecção LTA-HIV. Trata-se de J.B.A., 34 anos, sexo masculino, HIV positivo e com diagnóstico anterior de Tuberculose pulmonar, em uso regular de terapia antirretroviral e COXCIP, admitido no HUSE em 2018 com tosse produtiva, secreção amarelada, febre diária e dispneia aos esforços há 2 semanas. Apresentava lesões maculares hipercrômicas em face e úlcero-crostosas de bordas elevadas com variados tamanhos em membros superiores e tronco, diagnosticadas LTA via biópsia das lesões após negativação do teste sorológico rk39 por imunossupressão. Negava uso regular de profilaxias para pneumocistose e micobactérias. Iniciou-se antibioticoterapia e cateter nasal de O2. Supõe-se, portanto, que o desvio da resposta celular tipo Th1 para a humoral tipo Th2 no portador de HIV seja favorável à disseminação de organismos intracelulares como a leishmania. Entretanto, esse comportamento clínico-imunológico da coinfecção é pouco descrito na literatura. Ainda assim, J.B.A. apresentou excelente resposta terapêutica ao uso de Anfotericina Lipossomal. O relato desse caso alerta para o espectro clínico da coinfecção e para uma opção de tratamento viável, sobretudo em Sergipe, cuja expansão epidemiológica das doenças é evidente.
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