Acúmulo de mercúrio em sedimentos de fundo da reserva biológica do rio Trombetas (REBIO), cidade de Oriximiná, Brasil

Autores

  • Francisco Áureo Noronha Filho Universidade Federal Rural da Amazônia
  • Thaís Karolina Lisboa de Queiroz Universidade Federal do Rio de Janeiro https://orcid.org/0000-0002-6792-5986
  • Diomar Oliveira Cavalcante Universidade Federal do Pará
  • João Paulo Pereira Góes Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Marcelo De Oliveira Lima Universidade Federal do Pará http://orcid.org/0000-0003-3983-1672

DOI:

https://doi.org/10.6008/CBPC2179-6858.2021.005.0031

Palavras-chave:

Mercúrio total, Sedimento, Acúmulo, Mineração

Resumo

O mercúrio (Hg) está presente na Amazônia devido à ocorrência natural e por emissões de garimpo. Os sedimentos de fundo são importantes para estudos ambientais, pois informam sobre o aporte de contaminantes como o Hg nos ambientes aquáticos. Em Porto Trombetas situa-se a área de mineração de bauxita pela Mineradora Rio Norte na área da Floresta Nacional de Saracá-Taquera, próximo a comunidades tradicionais e a REBIO. Assim, considerando a ocorrência de impactos, pretende-se avaliar o acúmulo de Hg contribuindo para compreender parte da sua dinâmica neste local sem garimpo. Os objetivos são: Avaliar o acúmulo de Hg em sedimentos de fundo na área da reserva biológica do Rio Trombetas; Quantificar os níveis de Hg nos sedimentos de fundo e caracterizar a qualidade ambiental dos sedimentos de acordo com os níveis de Hg encontrados com o descrito em legislações para áreas não impactadas; Correlacionar os níveis de Hg nos sedimentos de fundo com a variação sazonal. A área de estudo é a bacia do Rio Trombetas, localizado em Oriximiná, Pará. As amostras de sedimento de fundo superficiais foram coletadas em 30 pontos ao longo da bacia, em quatro amostragens em maio e setembro de 2016 e março e junho de 2017. As amostras foram guardadas em sacos plásticos, conservadas e levadas para a SAMAM. Após, as amostras foram secas, peneiradas e submetidas à abertura ácida e analisadas com Espectrômetro de Absorção Atômica com Sistema de Vapor Frio. Os resultados mostram que não ocorreu variação sazonal estatística significativa nas concentrações de Hg Total (HgT), mas ocorreu variação estatística significativa espacial. A variação espacial pode ser explicada nos pontos com maiores concentrações por coincidir justamente nos locais em que se concentram as atividades de mineração de bauxita. De acordo com os valores de TEL e PEL e a resolução do CONAMA nº 344/2004 todos os pontos apresentaram concentrações abaixo do nível 02(PEL), quando é pouco provável ocorrer efeitos adversos na biota. Alguns pontos apresentaram concentrações médias acima da faixa para rios amazônicos não contaminados. As maiorias dos pontos enquadram-se nos valores regionais amazônicos, com exceções superando os valores regionais. A qualidade ambiental dos sedimentos apresentou-se dentro dos padrões regulares quando comparados com valores de referência internacional e da legislação brasileira. Conclui-se que as atividades como a mineração de bauxita podem contribuir para remobilização do Hg para os ambientes aquáticos.

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Biografia do Autor

Francisco Áureo Noronha Filho, Universidade Federal Rural da Amazônia

Engenheiro Ambiental - UFRA, mestrando no Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica - UFPA (2021 - atualmente). Experiência em Geoprocessamento, Sensoriamento Remoto, produção de mapas relacionados a estudos ambientais, geoquímica ambiental, hidrogeologia, hidrografia, focos de calor, desmatamento e uso e cobertura do solo. Possui experiência em laboratório com química analítica e análises relacionadas a geoquímica ambiental, bioindicadores, parâmetros físico-químicos e qualidade da água. Atuando também em análises de metais traços em matrizes ambientais e biológicas através de ICP-MS e Espectrometria de Absorção Atômica na área de geoquímica ambiental do mercúrio em matrizes ambientais (solo, sedimento, água), biológicas e bioindicadores.

Thaís Karolina Lisboa de Queiroz, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Bacharel em Ciências Ambientais pelo Centro Universitário do Pará (CESUPA), Especialista em Vigilância em Saúde Ambiental, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ/IESC), Mestre em Epidemiologia e Vigilância em Saúde pelo Instituto Evandro Chagas (IEC/SVS/MS), doutoranda em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ/IESC). Possui experiência em coleta de amostras ambientais (água, solo, poeira, sedimento) e coleta de bioindicadores (caranguejo, camarão), possui experiência em análises de físico-químicas através das técnicas de espectrofotometria, cromatografia iônica (determinação de cátions e aniôns). Possui experiência em análises de TOC, NPOC, POC, DIC, DOC, TC nas matrizes água e sedimento. Possui experiência na quantificação de Metais traços em amostras ambientais (água, solo, sedimento, poeira, mel, plantas, cinzas de carvão, rejeito) e biológicas humanas (sangue total, soro sanguíneo, urina, cabelo), através da técnica de espectrometria de massas com plasma acoplado por indução (ICP-MS). Atualmente desenvolve atividades relacionadas a Saúde Ambiental, Epidemiologia, Toxicologia e Exposição Ambiental de Poluentes metálicos em amostras ambientais e biológicas humanas na área do Aterro Sanitário de Marituba/PA. 

Diomar Oliveira Cavalcante, Universidade Federal do Pará

Diomar Cavalcante Oliveira é formada em Química pela Universidade Federal do Pará (2008) e Mestre em Geoquímica pela Universidade Federal do Pará (2013). Nasceu em Boa Viagem-CE e mora em Belém desde de 2000. Concluiu a Especialização em Saúde e Vigilância Ambiental pela Universidade do Rio de Janeiro-UFRJ (2014). De Outubro de 2008 a Fevereiro de 2018 atuou como pesquisadora colaboradora da Seção de Meio Ambiente do Instituto Evandro Chagas, executando atividades de pesquisa em saúde pública e de ensaios em análises de mercúrio e outros metais traço em materiais ambientais e biológicos por Espectrometria de absorção Atômica - CVAAS e Cromatografia Gasosa - CG.

João Paulo Pereira Góes, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Graduado em Farmácia pela Universidade Federal do Pará - UFPA (2010) e Habilitação em Bioquímica pela UFPA (2011), Especialista em Vigilância em Saúde Ambiental pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ (2017). Possui experiência de dois anos na área de atenção farmacêutica desenvolvida em rede farmácia comunitária (2011-2013). Atualmente é técnico em pesquisa e investigação biomédica do Instituto Evandro Chagas/SVS/MS. Atuando principalmente na área da saúde e meio ambiente em análises em amostras ambientais e biológicas de contaminantes metálicos como o mercúrio (Hg) e sua forma metilada metilmercúrio (MeHg).

Marcelo De Oliveira Lima, Universidade Federal do Pará

Bolsista de Produtividade em Pesquisa (PQ2) do CNPq na Área de Ciências Ambientais, Pesquisador em Saúde Pública da Seção de Meio Ambiente (SAMAM), Instituto Evandro Chagas (IEC), Secretaria Nacional de Vigilância em Saúde (SVS), Ministério da Saúde (MS), e Coordenador do Pós-Graduação em Epidemiologia e Vigilância em Saúde (PPGEVS) do IEC/SVS/MS. Orientador Permanente Externo de Mestrado e Doutorado nos Programas de Pós-Graduação em Ecologia e Pesca (PPGEAP) e Pós-Graduação em Ciência e Meio Ambiente (PPGCMA), ambos da Universidade Federal do Pará (UFPA). Graduado em Licenciatura Plena Em Ciências, Habilitação em Química (1995), Mestre em Ciências: Geoquímica e Petrologia (2003) e Doutor em Química (2011) pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Tem mais de 18 anos de experiência nas áreas de Meio Ambiente e Saúde Coletiva, com ênfase em Epidemiologia, Exposição Ambiental a Contaminantes, Geoquímica Ambiental, Química Analítica, Toxicologia Ambiental e Ecotoxicologia, atuando em pesquisas em diversas regiões do Brasil e especialmente na Amazônia. Atuou como Chefe Substituto da Seção de Meio Ambiente do IEC de 2011 a 2016, Coordenou o Programa Institucional de Iniciação Científica do IEC/CNPq de 2016 a 2017 e atualmente acumula a responsabilidade técnica pelos Setores de Mercúrio e Espectroanalitica III (ICP-MS) do Laboratório de Toxicologia da SAMAM/IEC. Já possui 38 publicações em revistas científicas nacionais e internacionais, 6 publicações em capítulos de livros e inúmeras comunicações científicas e palestras em congressos nacionais e internacionais. Atuou por 3 anos como Editor Científico da Revista Pan-Amazônica de Saúde (RPAS) e há 4 anos atua como Editor Associado da Revista Cadernos de Saúde Coletiva (IESC/UFRJ), participando também como referi de revistas científicas nacionais e internacionais. Coordena e participa de projetos de pesquisas na SAMAM/IEC e em parceria com outras Instituições. Atuou de 2012 a 2015 como organizador de quatro treinamentos internacionais anuais para terceiros países (Bolívia, Equador, Peru, Colômbia, Venezuela, Suriname e Guatemala) com ênfase no fortalecimento da Vigilância Ambiental do Mercúrio na Pan-Amazônia a partir de financiamento da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) e Agência Brasileira de Cooperação (ABC). Atuou em 2016 e 2017 na organização de duas edições do Encontro Científico Internacional do Instituto Evandro Chagas. Atualmente é membro suplente do Comitês de Ética em Pesquisa (CEP) e Comitê Técnico Científico (CTC), ambos do IEC. Também participou em 2017 e 2018 como delegado do Brazil na COP-1 e COP-2 referente a Convenção de Minamata.

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Publicado

2021-03-28

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