Conservação da agrobiodiversidade e soberania alimentar em assentamento rural no Pantanal de Cáceres, Mato Grosso

Autores

  • Thais Martins dos Santos Universidade do Estado de Mato Grosso
  • Porfírio dos Santos Júnior Universidade do Estado de Mato Grosso
  • Solange Kimie Ikeda Castrillon Universidade do Estado de Mato Grosso
  • Maria Antonia Carniello Universidade do Estado de Mato Grosso

DOI:

https://doi.org/10.6008/SPC2179-6858.2017.001.0007

Palavras-chave:

Práticas Agrícolas, Assentamento de Reforma Agrária, MST, Agricultura Familiar

Resumo

A agricultura familiar tem conseguido manter em pequenos espaços uma produção agrícola diversificada visando o autoconsumo, soberania alimentar, obtenção de renda e conservação da agrobiodiversidade. O objetivo deste estudo foi apresentar como é desenvolvida a produção agrícola no Assentamento Laranjeira I, situado na borda do Pantanal de Cáceres – MT, bem como relacioná-la com a conservação da agrobiodiversidade e manutenção da soberania familiar local. À coleta de dados adotou-se abordagem qualitativa: questionário estruturado e métodos antropológicos. A amostra reuniu 43 lotes próximos às nascentes de água. Para a análise dos dados socioeconômicos e da produção agrícola utilizou-se abordagem quantitativa (FR%). Dos lotes visitados 51% utilizam a agricultura principalmente para o autoconsumo de suas famílias em espaços como quintal e roça. Alguns cultivam apenas no quintal por ser um espaço de fácil acesso próximo ao domicílio e organizado pelas mulheres e filhos, por redução de perdas por roubos e/ou adversidades meteorológicas. Os moradores cultivam principalmente variedades de verduras, leguminosas e tubérculos tornando o sistema de produção estável e diversificado. Apenas 17% utilizam sistema com apenas uma cultura. Em 32% dos lotes foram identificadas a utilização de práticas tradicionais agrícolas como orientação da lua no cultivo e formação de roças coletivas, com a repartição de alimentos produzidos para consumo das famílias e comercialização do excedente. Constatou-se a presença da produção por experimentação por um morador. Esta população possui forte identidade cultural com a vida camponesa, e mesmo que as condições de produção comercial não tenham sido favoráveis não abandona o lote visto como fruto de suas lutas em movimentos sociais. A terra representa a história de vida desses moradores, garantindo a manutenção da soberania alimentar das famílias assentadas bem como a conservação da agrobiodiversidade.

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Biografia do Autor

Thais Martins dos Santos, Universidade do Estado de Mato Grosso

Graduada em Enfermagem pela Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT (2009-2012), Mestre em Ciências Ambientais também pela UNEMAT (2013-2015). No mestrado estudou as interações estabelecidas entre sociedade, seres humanos e meio ambiente sob a perspectiva antropológica e etnobiológica, com ênfase na relação entre homens e plantas (etnobotânica) com população de assentamento rural. Na graduação atuou como bolsista de iniciação científica e extensão em projetos voltados à assistência em saúde ao público idoso, gestantes, puérperas e recém-nascidos; também desenvolveu estudos sobre o uso de plantas medicinais utilizadas no controle do Diabetes Mellitus pela população de Mato Grosso como voluntária em projeto de iniciação científica. Atualmente é professora na disciplina de saúde da criança e do adolescente do curso de Enfermagem da UNEMAT/Cáceres. Atuou como professora na disciplina de Epidemiologia no curso de Farmácia na Faculdade do Pantanal (FAPAN) e orientadora de trabalho de conclusão de curso na Pós-Graduação em Gestão em Saúde oferecida pela Universidade Aberta do Brasil (UAB/UNEMAT). Tem desenvolvido pesquisas com ênfase em saúde da criança em orientações de trabalhos de conclusão de curso.

Porfírio dos Santos Júnior, Universidade do Estado de Mato Grosso

Licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado de Mato Grosso/UNEMAT (1998-2002) e Mestre em Ciências Ambientais pela UNEMAT/PPGCA (2014-2016). No mestrado desenvolveu pesquisa em assentamento rural com ênfase em agroecologia, educação ambiental e sustentabilidade. Tem experiência na área de Agropecuária, com ênfase em agricultura familiar e cadeia produtiva do leite.

Solange Kimie Ikeda Castrillon, Universidade do Estado de Mato Grosso

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado de Mato Grosso (1995), mestrado em Ecologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (2000) e doutorado pela Universidade Federal de São Carlos em Ciências, enfoque em Ecologia e Recursos Naturais (2010). Professora adjunta da Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus de Cáceres. Possui experiência área de Ecologia e Educação atuando principalmente nos seguintes temas: Ecologia, Educação Ambiental, Biologia da Conservação, Restauração Ecológica, Fragmentação e Estudo das Comunidades Vegetais de Áreas Úmidas. Participa do Instituto de Pesquisa e Educação Ambiental, Gaia, como colaboradora e também atua no Programa de Pós Graduação em Ciências Ambientais da UNEMAT, dialogando com temas relacionados as políticas ambientais e processos de mobilização social ligados a conservação da biodiversidade e sociedades sustentáveis. Faz parte da equipe do Centro de Limnologia, Ecologia, Biodiversidade e Etnoecologia do Pantanal (CELBE), do grupo de pesquisa Conceitos Ecológicos e Etnoecológicos Aplicados a Conservação da Água e da Biodiversidade do Pantanal e do Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte (GPEA). 

Maria Antonia Carniello, Universidade do Estado de Mato Grosso

Possui graduação - Licenciatura em Ciências - ano 1982; graduação - Licenciatura Plena em Biologia pela Faculdade de Ciências e Letras de Votuporanga (1983), graduação em Física pela Universidade Federal de Mato Grosso (1991), Mestrado em Educação (Educação e Meio Ambiente-Ensino de Botânica) pela Universidade Federal de Mato Grosso (1998), Doutorado em Biologia Vegetal (Sub-área Etnobotânica) pela Universidade Estadual "Julio de Mesquita Filho", Rio Claro/SP (2007). Pertence ao quadro de docentes/pesquisadores da Universidade do Estado de Mato Grosso/UNEMAT, efetiva (1990 - atualmente). Diretora do Instituto de Ciências Naturais e Técnológica da UNEMAT (1998-2002). Atua na área de Botânica principalmente nos seguintes temas: Botânica de Plantas Fanerógamas, Estudos de Biodiversidade e conservação (Composição, Estrutura e Etnoconhecimento do componente vegetal do Pantanal, Cerrado e domínio Amazônico. Etnobotânica: agrobiodiversidade de pequenas propriedades urbanas e rurais, quintais. Uso e conservação de plantas. Educação ambiental. Coordenadora de projeto de pesquisa vinculado à Rede Pecuária - Centro de Pesquisa do Pantanal/CPP- Equipe de pesquisadores /UNEMAT - UFMT (2004-2008). Foi coordenadora de projeto de pesquisa interinstitucional - UNEMAT -UFMT - EMBRAPA, financiado pela Fundação de Amapro à Pesquisa de Mato Grosso (FAPEMAT 2008-2010). Vice-Diretora da Sociedade Botânica do Brasil-Seção Regional Centro-Oeste (2006-2008 e 2015 - 2017). É curadora do Herbário do Pantanal HPAN a partir de 2009. Membro pesquisadora na Rede Bionorte (2011 - 2015), Projeto: Traços morfofuncionais de espécies florestais (parceria Visitante Sem Fronteira - Estrangeira - 2015 - 2017); Projeto Erosão da Biodiversidade no Pantanal (2016 - 2018), PELD III - Equipe de Pesquisa do Sudoeste de Mato Grosso (2016 - 2018), Projeto Florestas do Sudoeste de Mato Grosso (2016 -2018). Parceria ações integradas - UNEMAT - ICMBIO (HPAN - Esec da Serra das Araras e Estação Ecológica de Taimã, MT (2014 a atual). Orientadora no Programa de Mestrado e Doutorado em Ciências Ambientais - PPGCA, UNEMAT, Cáceres, MT.

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Publicado

2017-08-12

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