Conservação da agrobiodiversidade e soberania alimentar em assentamento rural no Pantanal de Cáceres, Mato Grosso
DOI:
https://doi.org/10.6008/SPC2179-6858.2017.001.0007Palavras-chave:
Práticas Agrícolas, Assentamento de Reforma Agrária, MST, Agricultura FamiliarResumo
A agricultura familiar tem conseguido manter em pequenos espaços uma produção agrícola diversificada visando o autoconsumo, soberania alimentar, obtenção de renda e conservação da agrobiodiversidade. O objetivo deste estudo foi apresentar como é desenvolvida a produção agrícola no Assentamento Laranjeira I, situado na borda do Pantanal de Cáceres – MT, bem como relacioná-la com a conservação da agrobiodiversidade e manutenção da soberania familiar local. À coleta de dados adotou-se abordagem qualitativa: questionário estruturado e métodos antropológicos. A amostra reuniu 43 lotes próximos às nascentes de água. Para a análise dos dados socioeconômicos e da produção agrícola utilizou-se abordagem quantitativa (FR%). Dos lotes visitados 51% utilizam a agricultura principalmente para o autoconsumo de suas famílias em espaços como quintal e roça. Alguns cultivam apenas no quintal por ser um espaço de fácil acesso próximo ao domicílio e organizado pelas mulheres e filhos, por redução de perdas por roubos e/ou adversidades meteorológicas. Os moradores cultivam principalmente variedades de verduras, leguminosas e tubérculos tornando o sistema de produção estável e diversificado. Apenas 17% utilizam sistema com apenas uma cultura. Em 32% dos lotes foram identificadas a utilização de práticas tradicionais agrícolas como orientação da lua no cultivo e formação de roças coletivas, com a repartição de alimentos produzidos para consumo das famílias e comercialização do excedente. Constatou-se a presença da produção por experimentação por um morador. Esta população possui forte identidade cultural com a vida camponesa, e mesmo que as condições de produção comercial não tenham sido favoráveis não abandona o lote visto como fruto de suas lutas em movimentos sociais. A terra representa a história de vida desses moradores, garantindo a manutenção da soberania alimentar das famílias assentadas bem como a conservação da agrobiodiversidade.
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