A relação da chuva com a recarga de água em uma nascente urbana em Santarém-PA, Amazônia, Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.6008/CBPC2318-2881.2021.003.0007

Palavras-chave:

Precipitação, Lençol freático, Nível fluviométrico, Recarga de água Subterrânea

Resumo

A recarga de água de nascentes é influenciada diretamente pela chuva e pela integridade da floresta ripária e do canal. Variações no padrão de chuva, como diminuição no volume, e a presença/ausência da vegetação ripária podem afetar a recarga de água. Com o objetivo de verificar a influência da chuva em uma área de nascente com vegetação ripária em recuperação, em um igarapé na zona urbana de Santarém-PA, foram monitorados a precipitação pluvial, o nível do lençol freático e o nível fluviométrico, em três pontos, entre novembro de 2017 e setembro de 2019. Houve diferença estatisticamente significativa entre os pontos monitorados para o nível do lençol freático (F=19,4; p=4,3x10-7), o nível fluviométrico (F=16,02; p=3,9x10-6) e a recarga de água (F=5,75; p=0,005), bem como entre os períodos chuvoso e seco, para os valores do nível do lençol freático (F=4,9; p=0,03) e nível fluviométrico (F=5,34; p=0,02). A recarga média anual para o ano de 2018 na nascente foi de 22% e para o ano de 2019 foi de 28%. A precipitação pluvial foi correlacionada positivamente com o nível fluviométrico (R²=0,54, p=0,02) e negativamente com o nível do lençol freático (R²=-0,77, p=0,002). Durante o período de 22 meses de monitoramento foi possível observar que no período chuvoso o nível fluviométrico ficou em média 36 cm e no período seco baixou para 26,4 cm, com uma diferença entre os períodos de 9,8 cm. Com relação ao nível do lençol freático médio registrado no período chuvoso foi de 31 cm abaixo do solo, e no período seco ocorre um rebaixamento do nível freático para 44 cm (diferença de -13 cm). A recarga de água na nascente do igarapé Irurá no período chuvoso foi de 22% (905,6 mm) e no período seco de 63% (334,9 mm), mostrando que mais de 60% da chuva que cai no período de estiagem é utilizada para recarregar a nascente. Esta característica indica que a água subterrânea infiltrada efetivamente abastece este nível freático e proporciona sua variabilidade. A profundidade do lençol freático foi relativamente pequena e a variação sazonal do nível fluviométrico foi similar aos resultados encontrados em igarapés amazônicos de terra-firme nos três pontos monitorados na zona ripária da nascente do igarapé do Irurá. Os valores de recarga de água anual encontrados neste estudo para nascente do igarapé Irurá, obtidos pela aplicação do método da Variação do Nível de Água (VNA), estão próximos aos de aquíferos livres e profundos da Amazônia. Os resultados demonstram que o nível do lençol freático varia sazonalmente, de acordo com o período chuvoso, e espacialmente, já que houve diferença entre alguns pontos monitorados devido à sua localização antes ou depois de áreas onde existem intervenções antrópicas no canal, como represamento. O processo de reflorestamento natural que se mantém progressivo ao longo de 45 anos, combinando uma mistura de floresta secundária com remanescentes de vegetação primária favorecem a recarga de água e a manutenção da nascente. O município de Santarém, é constituído por uma densa malha de igarapés, as quais estão sob forte impacto devido a expansão urbana desordenada. O monitoramento dos recursos hídricos subterrâneos e superficiais realizados neste estudo, são importantes para verificar como as variações do nível subterrâneo influenciam na quantidade de água disponível para às florestas, manutenção dos igarapés, sociedade e instigar ações de conservação dos mananciais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Aline Maelen Paz Souza, Universidade Federal do Oeste do Pará

Possui graduação em Ciências e Tecnologias das Águas pela Universidade Federal do Oeste do Pará (2018) e Curso em andamento de Engenharia Sanitária e Ambiental pela Universidade Federal do Oeste do Pará

Ione Iolanda dos Santos, Universidade Federal do Oeste do Pará

Possui graduação em Agronomia (1999) e mestrado em Agroecossistemas (2002) pela Universidade Federal de Santa Catarina. Obteve o título de doutor em Zootecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2010). Foi membro bolsista da Capes no Programa de Formação de Professores da Educação Básica (PARFOR) de 2013 a 2016. Atualmente é professor associado I da Universidade Federal do Oeste do Pará. Atua nos Bacharelados de Ciência e Tecnologia das Águas; Engenharia de Pesca; Biologia e; Zootecnia. Possui experiência, principalmente, nas áreas de Nutrição Animal, Bromatologia, Bioquímica (extração, caracterização e aplicação de extratos vegetais) e Ecologia de Ecossistemas. Coordena o Laboratório de química do pescado. É integrante do Grupo de pesquisa em Biologia Vegetal e do Grupo de Estudos em Nutrição e Produção Animal na Amazônia, ambos cadastrados no CNPq.

Leidiane Leão de Oliveira, Universidade Federal do Oeste do Pará

Professora Associado 1 da Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA, campus Santarém-PA, no Instituto de Ciências e Tecnologia das Águas - ICTA, curso de Bacharelado Interdisciplinar em Ciências e Tecnologia das Águas. Possui graduação em Meteorologia pela Universidade Federal do Pará (2004), mestrado em Meteorologia pela Universidade Federal de Campina Grande (2007) e doutorado em Biodiversidade Tropical pela Universidade Federal do Amapá (2012). Tem experiência na área de Geociências, podendo atuar nas seguintes áreas: Hidrologia, Hidrologia Florestal, Conservação de Bacias Hidrográficas, Ecologia de Ecossistemas, Impactos climáticos e antrópicos sobre bacias hidrográficas e sobre disponibilidade hídrica, Gestão de recursos hídricos, Recursos hídricos, Meteorologia Ambiental, Climatologia, Hidrometeorologia, Variabilidade Climática. 

Downloads

Publicado

2021-08-26

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)