Fluxos hidrogeoquímicos em águas fluviais de microbacias sob diferentes sistemas agropecuários na Amazônia Oriental

Autores

DOI:

https://doi.org/10.6008/CBPC2179-6858.2018.003.0017

Palavras-chave:

Fluxo Hidrogeoquímico, Águas Fluviais, Sistemas Agropecuários, Microbacias

Resumo

Este artigo apresenta a influência dos sistemas agropecuários sobre os fluxos hidrogeoquímicos em águas fluviais de dezoito microbacias sob diferentes usos da terra na Amazônia Oriental. O Nordeste Paraense é uma das mais antigas áreas de colonização agrícola da Amazônia Oriental e sua paisagem é marcada pela presença de sistemas agropecuários, especialmente uma agricultura subsistência de base familiar, amplas pastagens e mais recentemente, a monocultura de dendezeiro. Além disso, a paisagem é marcada ainda por florestas secundárias em estágios de sucessão variados e uns poucos fragmentos de floresta primária, geralmente localizados próximos às margens de riachos e rios. O estudo foi conduzido em nove microbacias localizadas nos municípios de Marapanim, Igarapé-açu e São Francisco do Pará pertencentes a Bacia Hidrográfica do Rio Marapanim e em nove microbacias localizadas nos municípios de Mãe do Rio, Irituia e Capitão Poço pertencentes a Bacia Hidrográfica do Rio Guamá, sendo que quatro microbacias em São Francisco do Pará e Capitão Poço serviram de referência, nas quais a floresta ocupa um mínimo de 85% de suas áreas de drenagem. As campanhas de campo ocorreram ao longo de um ano, de outubro de 2009 a setembro de 2010. Amostras de águas fluviais foram coletadas e transportadas em caixas térmicas com gelo para o laboratório, onde posteriormente foram quantificadas suas concentrações iônicas. Durante as campanhas de campo, eram também realizadas a batimetria dos canais e tomadas as medidas de velocidade de corrente para o cálculo da vazão fluvial instantânea. Foi evidenciada a influência dos sistemas agropecuários com uso de fogo (pastagens e cultivos agrícolas no sistema de derruba-e-queima da vegetação de pousio) sobre o aumento dos fluxos de cálcio, magnésio e potássio. Também observou-se grande influência das pastagens sobre o fluxo de amônio, especialmente nas microbacias onde o gado adentra os riachos para beber água. Na microbacia onde ocorre uma agricultura mais tecnificada com irrigação e uso de fertilizantes à base nitrogênio, foi observado elevado fluxo de nitrato. Também foi possível observar alguma influência das florestas nos fluxos de sódio, cloreto, sulfato e nitrato. Assim, ficou evidente que as atividades agropecuárias praticadas na Amazônia Oriental alteram os ciclos naturais de nutrientes, promovendo maiores fluxos destes nas águas fluviais. Análises estatísticas confirmaram tais influências: observou-se uma correlação direta das atividades agropecuárias com as concentrações iônicas das águas fluviais das microbacias estudadas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Daniel Fernandes Rodrigues Barroso, Instituto Federal do Maranhão

Engenheiro Ambiental, formado pela Universidade do Estado do Pará (2004-2009). Mestre em Ciências Ambientais pela Universidade Federal do Pará (2009-2011). Atualmente é Professor de Engenharia Ambiental do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico da Instituto Federal do Maranhão campus Presidente Dutra. Trabalhou como Analista Ambiental da Terra Meio Ambiente com elaboração de Estudos de Impactos Ambientais e Relatório de Impactos Ambientais - EIA/RIMA, Planos de Gestão Ambiental - PGA e Planos de Controle Ambiental/Relatórios de Controle Ambiental - PCA/RCA de empreendimentos de Mineração, Ferrovias, Condomínios residenciais, Portos, dentre outros. Tem experiência com realização de Diagnóstico Ambiental - Meio Físico e Socioeconômico de Empreendimentos diversos, elaboração de Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos - PMGIRS e Plano de Desenvolvimento de Assentamentos - PDA , Coleta, Análise e interpretação de parâmetros de qualidade de água, Gestão de Resíduos sólidos, Hidrologia fluvial e Geociências, com ênfase em Hidrogeoquímica de águas Fluviais e Metodologia Participativa no Meio Rural, elaboração de Projetos e monitoramento ambiental: água, ruído e vibração.

Ricardo de Oliveira Figueiredo, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro

Pesquisador na Embrapa Meio Ambiente, Jaguariúna (SP). Atua no tema "Hidrobiogeoquímica de bacias e sua relação com a agricultura e as mudanças de uso da terra". Titulou-se como Engenheiro Agrônomo pela UFRRJ (1980), como Especialista em Planejamento Ambiental, área de concentração em Gerenciamento de Bacias Hidrográficas, pela UFF (1991), como Mestre em Geociências, área de concentração Geoquímica, pela UFF (1996), e como Doutor em Biociências e Biotecnologia, área de concentração em Ciências Ambientais, pela UENF (1999). Foi pesquisador no IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), de 1999 a 2002, onde atuou em pesquisas em Biogeoquímica, e desenvolveu atividades de pós-doutoramento pelo Woods Hole Research Center (EUA). Ingressou na Embrapa Amazônia Oriental em 2002, onde desenvolveu pesquisas em pequenas bacias amazônicas, até sua transferência em 2011 para a Embrapa Meio Ambiente, ampliando suas pesquisas para bacias paulistas e mineiras, além de coordenar projeto nacional em bacias nos diferentes biomas brasileiros (2013-2017). Atuou em 2008 como Pesquisador Visitante na University of Georgia (EUA) por 12 meses , e como docente no Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (UFPA/MPEG/EMBRAPA) de 2005 a 2017. Foi membro do Comitê Científico do Projeto LBA, publicou como autor e co-autor dezenas de trabalhos em periódicos científicos, livros e capítulos de livros, participou de mais de uma centena de trabalhos em congressos e tem orientado teses de doutorado, dissertações de mestrado, assim como bolsistas de treinamento técnico, de iniciação científica e de cursos de graduação, em universidades parceiras em suas pesquisas, além de supervisões de pós-doutoramento. 

Camila da Silva Pires, Universidade Federal do Pará

Possui graduação em Engenharia Ambiental pela Universidade do Estado do Pará (2008) e mestrado em Ciências Ambientais pela Universidade Federal do Pará (2011). Atualmente é analista ambiental - Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Santa Isabel do Pará. Tem experiência na área de Ciências Ambientais, com ênfase em Biogeoquímica Fluvial, atuando principalmente nos seguintes temas:ciclagem de nutrientes e carbono, microbacias amazônicas, agricultura familiar, parâmetros físico-químicos e cromatografia iônica.

Fabiola Fernandes Costa, Universidade Federal do Pará

* Professora substituta da Faculdade de Engenharia de Exploração e Produção de Petróleo, Campus Universitário de Salinópolis, UFPA (2018-2019). * Pós-Doutorada pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCA), Instituto de Geociências, UFPA (2017). * Doutora em Química Analítica pelo Programa de Pós-Graduação em Química (PPGQ), Instituto de Ciências Exatas e Naturais, UFPA (2014). * Mestre em Geoquímica de Superfície e Ambiental pelo Programa de Pós-Graduação em Geoquímica (PPGG), Instituto de Geociências, UFPA (2004). * Graduanda em Formação Pedagógica em Química pela Universidade de Franca, São Paulo (2017). * Bacharel em Ciências, modalidade em Química pela Universidade Federal do Pará (2001). * Formação em Inglês (2003) e Espanhol (2011). * Experiência em Química Analítica Ambiental, com participação em projetos desenvolvidos pela Embrapa Amazônia Oriental (Belém-PA). * Área de atuação em quimiometria, ciclagem de nutrientes (carbono e nitrogênio), geoquímica ambiental (solos, águas e sedimentos), manejo e conservação de bacias hidrográficas. * Experiência com atividades de campo (coleta de solos, águas superficiais e subterrâneas, sedimentos de fundo), além de análises químicas e instrumentais (espectroscopia de infravermelho médio e próximo, analisador elementar CHN, espectrofotometria UV-Vis, cromatografias iônica e gasosa). * Formação básica e avançada do software MATLAB 7 (MATrix LABoratory). * Ministrou disciplinas no Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCA/UFPA) em 2015 e 2016.

Pedro Gerhard, Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo

Possui graduação em Ciências Biológicas pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (1995), mestrado em Ciências Biológicas pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (1999) e doutorado em Ecologia de Agroecossistemas pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (2005). Pesquisador da Embrapa desde 2006, pesquisa a interação entre paisagens agrícolas e ambientes aquáticos, incluindo análise de qualidade de água, integridade biótica e serviços ecossistêmicos prestados por esse sistema complexo. Tem experiência em Ecologia, Geoprocessamento e Análise Multivariada de dados. Como pesquisador autônomo, desenvolve pesquisas em biologia, ecologia e comportamento de peixes de água doce.

Downloads

Publicado

2018-05-23

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)