Atropelamentos e influência da paisagem na sobrevivência de mamíferos silvestres de médio e grande porte

Autores

  • Juliane Fernandes Guimaraes Universidade Federal de Uberlândia
  • Claudionor Ribeiro da Silva Universidade Federal de Uberlândia
  • Marco Aurélio Alves Perin Universidade Federal de Uberlândia

DOI:

https://doi.org/10.6008/CBPC2179-6858.2018.002.0006

Palavras-chave:

Mamíferos, atropelamentos, sensoriamento remoto., Conservação

Resumo

Atropelamentos de fauna estão entre os maiores impactos negativos provenientes de empreendimentos lineares, sendo causa direta de queda da biodiversidade e qualidade ambiental. Além dos acidentes relacionados à fauna, as rodovias exercem um papel importante na degradação ambiental, pois favorecem a exploração humana em áreas anteriormente remotas. Os impactos ambientais provenientes dos empreendimentos instalados no entorno das estradas, operam de forma sinergética e cumulativa sobre o meio ambiente, contribuindo para os elevados índices de mortalidade da fauna silvestre por atropelamentos. As passagens de fauna estão entre as medidas mitigadoras mais eficientes para a prevenção de acidentes com animais nas estradas. O presente estudo teve como objetivo analisar atropelamentos da mastofauna de médio e grande porte na rodovia BR-497, entre os municípios de Uberlândia e Prata, MG e caracterizar os usos da paisagem de entorno do empreendimento linear por meio de imagens, indicando medidas que auxiliem na redução da mortalidade de indivíduos da fauna silvestre por atropelamentos. Os dados dos atropelamentos foram coletados mensalmente no período de julho de 2015 a julho de 2016. Foram registrados 49 indivíduos distribuídos em 16 espécies, incluindo três espécies sob status de ameaça de extinção, o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) e raposinha-do-campo (Lycalopex vetulus). Os hotspots analisados evidenciaram três núcleos de maior incidência de acidentes, o que se faz necessário o implemento de medidas mitigatórias com capacidade de minimizar os atropelamentos verificados, sugerindo neste caso a instalação de estruturas que atuem como passagens de fauna. A análise da paisagem foi executada por meio de sensoriamento remoto com imagem de satélite (LANDSAT 8), sendo realizada a classificação supervisionada de uso e ocupação do solo por meio do algoritmo Máxima Verossimilhança, o que resultou em um percentual de uso antrópico de aproximadamente 80,00%. As análises dos percentuais de vegetação nativa foram efetuadas por meio da construção de máscaras de vegetação e buffers de distância do eixo central da rodovia (1, 9 e 18 km), evidenciando que os totais de remanescentes naturais tendem a reduzir conforme a aproximação das rodovias. Em relação aos atropelamentos que envolvem a fauna ameaçada de extinção, considerando os limites de suas áreas de vida, os resultados obtidos inferem que os indivíduos sofrem fortes pressões ambientais, pois, grande parte da área necessária ao estabelecimento de suas funções biológicas e ecológicas está sob uso antrópico. Além disso a análise para os remanescentes presentes na área de estudo, evidenciou que os fragmentos classificados como grandes (<4 km²), encontram-se escassos e sob forte influência de perturbações ambientais. Dessa forma, no cenário atual, a conservação das espécies, principalmente de médios e grandes mamíferos, que necessitam, em geral, de grandes áreas para a manutenção de suas atividades, depende diretamente do estabelecimento de metas que promovam a conectividade e qualidade dos habitats e de medidas que minimizem a mortalidade por atropelamentos na rodovia BR-497. Nesse sentido o presente estudo poderá servir como base de dados auxiliando na estratégia de conservação para a mastofauna de médio e grande porte presente na região de estudo.

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Biografia do Autor

Juliane Fernandes Guimaraes, Universidade Federal de Uberlândia

Bióloga, Mestre em Meio Ambiente e Qualidade Ambiental

Claudionor Ribeiro da Silva, Universidade Federal de Uberlândia

Professor Associado DE na Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Graduado em Engenharia de Agrimensura na Universidade Federal de Viçosa. Mestrado e Doutorado em Ciências Geodésicas na Universidade Federal do Paraná. Pós-Doutorado na Universidade do Porto/Pt.

Marco Aurélio Alves Perin, Universidade Federal de Uberlândia

Licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Uberlândia e Mestre em Zoologia e Comportamento Animal pelo programa de pós-graduação em Comportamento e Biologia Animal pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

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Publicado

2017-09-30

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