Análise da correlação entre fatores socioeconômicos, ambientais, demográficos e o homicídio – Roraima, Brasil, 2000-2020

Autores

Palavras-chave:

Ambiente, Estado de Roraima, Violência, Taxa de homicídios

Resumo

O objetivo do estudo é analisar a associação entre fatores socioeconômicos, ambientais e demográficos e o homicídio no estado de Roraima no período de 2000 a 2020. Trata-se de um estudo ecológico, do tipo analítico. A variável dependente, taxa de homicídios, foi calculada utilizando o total de óbitos por agressão do Sistema de Informação sobre Mortalidade. As variáveis independentes (explicativas) foram categorizadas em três eixos: Eixo 1 – Socioeconômico (Índice de Gini, Produto Interno Bruto per capita em reais, Índice Geral de Preços de Mercado e o percentual de pessoas com 25 anos ou mais com ensino médio completo); Eixo 2 – Ambiental (percentual da população servida por rede de abastecimento de água, percentual da população servida por esgotamento sanitário e percentual da população servida por coleta de lixo); e Eixo 3 – Demográfico (densidade demográfica). Foi analisado a existência de correlação entre a variável dependente e as variáveis independentes. Nesta etapa exploratória, consideramos todas as correlações par a par entre todas as variáveis estimadas usando o coeficiente de Correlação de Pearson (r). Consideramos como sugestivas correlações com p<0,05. Em seguida, foi feita uma análise de Componentes Principais (PCA) para sumarizar as variáveis independentes em apenas dois eixos (PC1, indicando o nível de condições socioeconômicas, e PC2, indicando desigualdades), de modo a levar em conta as várias correlações entre elas. As maiores correlações com a taxa de homicídios foram encontradas no percentual da população servida por esgotamento sanitário (r=0,60), PIB per capita (R$) e percentual de pessoas com 25 anos ou mais com ensino médio completo (r=0,55), cada. Na análise de correlação ajustada para os dois modelos (PC1 e PC2) o coeficiente de determinação (R2) foi de 0,42 . Em Roraima, houve melhora de todos os indicadores socioeconômicos e ambientais estudados no período 2000 a 2020, entretanto não apresentaram forte correlação com as taxas de homicídios, indicador fundamental da criminalidade violenta. Ainda que haja aceitação sobre a relação entre situações de pobreza e desigualdade social e a ocorrência de homicídios, esta pesquisa não encontrou associação estatisticamente significativa entre essas relações, e mostrou que o tráfico de drogas, a introdução de facções criminosas e o descontrole de armas de fogo, além da imigração venezuelana com auge em 2018, que tornou a fronteira mais vulnerável ao controle policial, surgem como fatores com importante potencial para explicar a distribuição da alta taxa de homicídios em Roraima.

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Biografia do Autor

Maria Soledade Garcia Benedetti, Universidade Federal de Roraima

Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de Roraima (UFRR) (2002), graduação em Ciências Biológicas pela UFRR (1994), mestrado em Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde - PROCISA/UFRR (2019) e doutorado em Ciências Ambientais pelo Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais - PRONAT/UFRR. Atualmente é médica infectologista da Secretaria de Estado da Saúde de Roraima, atua como técnica da Sala de Situação de Saúde na Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde, e é professora do Curso de Medicina na UFRR. Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Infectologia, e na área de Saúde Coletiva, Saúde Pública e Epidemiologia.

Pedro Aurélio Costa Lima Pequeno, Universidade Federal de Roraima

Possuo graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Amazonas (2008), e mestrado (2011) e doutorado (2017) em Biologia (Ecologia) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Minha principal linha de pesquisa é testar hipóteses ecológicas e evolutivas, sobre a biodiversidade amazônica, mas também colaboro com pesquisadores investigando outras questões nas Ciências Ambientais. Tenho experiência com ensino de ecologia e biologia evolutiva, estatística e delineamento amostral, programação na linguagem computacional R e comunicação científica.

Meire Joisy Almeida Pereira , Universidade Federal de Roraima

Doutora em Ciências do ambiente e sustentabilidade na Amazônia pela UFAM, mestre em Políticas Públicas pela UFMA, especialista em consultoria em Pequenas e Médias Empresas pela UFRR, economista pela PUC-SP, docente efetiva da UFRR no Centro de Ciências Administrativas e Econômicas. Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais - PRONAT/UFRR; Coordenadora do Programa de Extensão do PRONAT; docente permanente e orientadora no PRONAT/UFRR; Líder do Grupo de Pesquisa Percepção Ambiental, Agricultura Familiar, Redes Colaborativas e Sustentabilidade na Amazônia. Linhas de pesquisa: Economia Solidária, Economia do trabalho, Agricultura familiar, Percepção ambiental, agroecossistemas Amazônicos e Sustentabilidade na Amazônia; Coordenadora Executiva do Programa de Extensão - Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares e Empreendimentos Solidários - ITCPES da UFRR desde 2008; líder de projetos de pesquisa e extensão na UFRR. Vencedora do edital SEBRAE/CNPq - Programa Agentes Locais de Inovação - ALI - anos 2021-2022 e 2023-2024. Integrante da Rede Integrada da Sociobiodiversidade da Amazônia - CISAM - na linha: Inovação, Bioeconomia e Desenvolvimento Sustentável. 

Francilene dos Santos Rodrigues, Universidade Federal de Roraima

Pós-doutora pela Universidade de Huelva-Espanha, no Programa de Gênero, Identidade e Cidadania; doutorado em Ciências Sociais - Estudos sobre as Américas pela Universidade de Brasília (2007); mestrado em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido pela Universidade Federal do Pará (1996). Bacharelado em Serviço Social pela Universidade Estadual do Ceará (1988). Atualmente é professora no curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e nos programas de Pós-graduação Sociedade e Fronteiras (PPGSOF) e Recursos Naturais (PRONAT). Foi coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Fronteiras (PPGSOF), no período de 2012 a 2014 e vice-coordenadora (2020-2022). É líder do GEIFRON-Grupo de Estudos Interdisciplinar sobre Fronteiras, coordena a Linha de Pesquisa: Migração, Gênero e Violência. Desenvolve pesquisas com as seguintes temáticas: gênero; gênero e violência; família transnacional; migração; migração venezuelana; migraçao e direitos humanos; mineração/garimpagem; garimpagem e meio ambiente; mineração e violencia; pensamento Social Brasileiro e Venezuelano; Representação e configurações socioculturais na zona fronteiriça Brasil Venezuela-Guiana. Desenvolveu, ainda, pesquisas nas áreas de da infância e adolescência (Mapeamento Socioeducativo/MJ), trafico de pessoas para exploração sexual (PESTRAF). Tem varias publicações sobre os temas. 

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Publicado

2023-01-08