Levantamento da distribuição, ocorrência e status de conservação do Peixe-Boi Marinho (Trichechus manatus, Linnaeus, 1758) no litoral nordeste do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.6008/ESS2237-9290.2011.002.0006Palavras-chave:
Sirênios, Abundância, Fatores de Ameaça, Mortalidade, IgarakuêResumo
No início da década de 80 foi realizado o primeiro levantamento sobre a distribuição dos peixes-bois marinhos no Brasil, o qual apontou o litoral Norte e Nordeste como áreas de ocorrência da espécie, sendo registrado o seu desaparecimento nos estados do Espírito Santo e Bahia. Considerando a ausência de dados recentes, este trabalho teve como objetivo atualizar as informações existentes sobre a distribuição e áreas de ocorrência do Trichechus manatus no litoral Nordeste brasileiro, bem como avaliar o status de conservação da espécie, visando subsidiar os trabalhos de preservação deste sirênio. O levantamento foi efetuado durante os anos de 1990 e 1991, do litoral de Sergipe até o Piauí. Utilizou-se um questionário contendo oito perguntas, sendo este direcionado aos pescadores. Quando constatada a importância da localidade para a ocorrência do peixe-boi marinho, foram realizadas incursões náuticas com o intuito de avistar os animais, reconhecimento dos ambientes e principais ameaças à espécie. Os deslocamentos ao longo da área de estudo foram realizados por meio de uma Toyota Bandeirante 4x4, denominada “Igarakuê”. Após 16 meses de atividades, a unidade móvel “Igarakuê” percorreu praticamente todas as vilas e localidades costeiras de sete estados Nordestinos (Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí), sendo realizadas 552 entrevistas em 199 localidades. De forma preocupante constatou-se o desaparecimento da espécie no estado de Sergipe, o isolamento das populações presentes no estado de Alagoas e a presença de áreas descontínuas ao longo da distribuição nos demais estados. Foi estimada a abundância para a área de estudo, com o número mínimo de 117 espécimes e um número máximo de 242 espécimes, onde as informações evidenciaram um decréscimo no número total de peixes-bois avistados nas últimas décadas. O ambiente marinho foi indicado como o local de maior número de avistagens e observou-se na região costeira nordestina a presença de habitats favoráveis a ocorrência da espécie. Entretanto, o assoreamento de rios e barras, a retificação do leito dos rios para fins agrícolas, o desmatamento de manguezais, a poluição dos recursos hídricos, são alguns dos fatores de ameaça constatados que comprometem os habitats dos peixes-bois marinhos de forma irreversível e conseqüentemente a espécie. O arpão foi a principal forma de captura registrada no histórico de caça, porém não vem sendo mais utilizado. A mortalidade dos animais tem ainda uma relação com eventos envolvendo o encalhe de filhotes, a captura acidental em currais e redes de pesca, arrastos realizados por embarcações motorizadas e o uso de explosivos nas atividades de pesca. A partir dos resultados obtidos, recomenda-se a continuidade das campanhas de conscientização ao longo do litoral nordeste, o monitoramento nas principais áreas de ocorrência da espécie, a criação de unidades de conservação, ações de educação ambiental e a inclusão dos locais de maior ocorrência dos peixes-bois marinhos como áreas prioritárias no Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro.Downloads
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
A CBPC - Companhia Brasileira de Produção Científica (CNPJ: 11.221.422/0001-03) deterá os direitos materiais dos trabalhos publicados. Os direitos referem-se à publicação do trabalho em qualquer parte do mundo, incluindo os direitos às renovações, expansões e disseminações da contribuição, bem como outros direitos subsidiários. Todos os trabalhos publicados eletronicamente poderão posteriormente ser publicados em coletâneas impressas sob coordenação desta empresa e/ou seus parceiros. Os (as) autores (as) preservam os direitos autorais, mas não têm permissão para a publicação da contribuição em outro meio, impresso ou digital, em português ou em tradução.