Distribuição e ocorrência do Peixe-Boi Marinho (Trichechus manatus) no estuário do rio Mamanguape, Paraíba, Brasil

Autores

  • Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental
  • Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
  • Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
  • Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
  • Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

DOI:

https://doi.org/10.6008/ESS2237-9290.2011.002.0001

Palavras-chave:

Mamíferos Aquáticos, Ocorrência, Unidade de Conservação, Monitoramento, Impacto

Resumo

Apesar da existência de registros históricos de peixe-boi marinho na costa brasileira desde o século XVII, poucos estudos sobre esta espécie foram realizados no Brasil. Entre as informações existentes, o estuário do rio Mamanguape (PB) é relatado como sendo o principal local de concentração da espécie no litoral nordeste do Brasil, entretanto o mesmo vem sofrendo pressões para o incremento das atividades humanas que poderão comprometer o ecossistema como um todo. Desta forma, este trabalho teve como objetivo obter informações sobre o comportamento e a ecologia do peixe-boi marinho no estuário do rio Mamanguape, estabelecendo as modificações sazonais do seu aparecimento, determinando locais preferenciais de ocupação e detectando possíveis atividades humanas que interferem no ciclo biológico do animal. Com esta finalidade entre 1988 a 1991 foi desenvolvido um programa de monitoramento dos grupos de peixes-bois marinhos na região de Barra de Mamanguape e adjacências, através da observação direta e entrevistas com pescadores. Durante o período do estudo foram realizadas 608 saídas de monitoramento na Barra de Mamanguape, totalizando 285 avistagens de peixes-bois marinhos sozinhos ou agrupados e 2.158 horas de observação em locais fixos. Os maiores números de avistagens foram a partir do mês de outubro até o mês de maio, quando os animais foram vistos com maior regularidade e freqüentemente em grupos. Nos meses de junho a setembro, os animais freqüentaram a região esporadicamente e quase sempre solitários. O maior grupo observado foi de nove animais e o maior número de animais registrado ao mesmo tempo foi de 11 peixes-bois marinhos. Constatou-se que as atividades humanas que produzem muitos ruídos na água interferem no comportamento dos animais, assustando e dispersando os grupos. As redes de cerco, de deriva e de espera, utilizadas na região, quando próximas aos grupos, além de espantar os animais, podem ser danificadas devido às eventuais colisões com os peixes-bois marinhos. Já as redes de espera mais resistentes (caçoas), são de extremo perigo, pois podem malhar os animais e levá-los a óbito. Concluiu-se que a região da Barra de Mamanguape é de suma importância para a manutenção do ciclo reprodutivo do peixe-boi marinho, pois é um dos locais de maior concentração no Nordeste do Brasil. A criação de zonas restritivas dentro da APA da Barra de Mamanguape e o ordenamento das atividades humanas são essenciais para a preservação desta espécie.

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Biografia do Autor

, Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental

Possui graduação em Oceanologia pela Universidade Federal do Rio Grande (1987) , mestrado em Oceanografia Biológica pela Universidade Federal do Rio Grande (1996) e doutorado em Oceanografia Biológica pela Universidade Federal do Rio Grande (2004) . Atualmente é Técnico de nível superior do Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental e Técnico do Conselho Gestor da Orla do Município de Rio Grande. Tem experiência na área de Ecologia.

, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

Possui graduação em Oceanografia pela Universidade Federal do Rio Grande (1986) e mestrado em Ciências Biológicas (Zoologia) pela Universidade Federal da Paraíba (1997). Atualmente é analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Tem experiência na área de Zoologia Aplicada, com ênfase em mamíferos aquáticos e avifauna marinha, Planejamento e Gestão de áreas protegidas.

, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

Gestora de Unidades de Conservação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

Possui graduação em Oceanologia pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande (1987), mestrado (1997) e doutorado (2008) em Oceanografia pela Universidade Federal de Pernambuco (1997). Chefe do Centro Mamíferos Aquáticos/ICMBio (1996-2006), Coordenador do Projeto Peixe-Boi (1996-2006), Presidente da 8a. RT Latinoamericana de Especialistas em Mamíferos Aquáticos (Olinda/PE, 1998) e Coordenador da Rede de Encalhes de Mamíferos Aquáticos/REMANE (2000-2006). Foi membro da delegação brasileira na Comissão Internacional da Baleia desde 1997, tendo participado de 11 reuniões internacionais anuais. Analista Ambiental do ICMBio, lotado atualmente na ESEC/Tamoios em Paraty/RJ, é chefe substituto e coordena o Programa de Monitoramento da Unidade de Conservação.

, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

Ricardo José Soavinski é graduado em oceanografia pela Universidade do Rio Grande-RS, sua atuação tem sido voltada desde 1996 a projetos de pesquisa, manejo e conservação de fauna; criação e gestão de Unidades de Conservação; projetos de desenvolvimento do ecoturismo e gestão pública. Analista Ambiental do ICMBio, coordenou e dirigiu vários setores do Ibama, autarquia vinculada ao MMA. Seu último cargo foi como Coordenador-Geral e Diretor-Substituto de Unidades Conservação de Proteção Integral. Entre as ações implementadas ao logo de sua carreira estão a implementação do Projeto Peixe-Boi Marinho, no Nordeste do Brasil, e sua posterior transformação em Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos-CMA, reconhecido nacional e internacionalmente. Soavinski atuou também na criação de 16 Unidades de Conservação Federais; apoiando a abertura para investimentos privados em parques nacionais, por meio de concessões. Atuou também na simplificação e informatização dos procedimentos para autorizações do uso da fauna e na negociação e efetiva execução de recursos internacionais para programas ambientais.

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Publicado

2011-12-22

Edição

Seção

Medicina Veterinária Megafauna