Ocupação de áreas de preservação permanente pela indústria salineira e potenciais impactos econômicos da recuperação de manguezais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.6008/CBPC2179-6858.2022.011.0018

Palavras-chave:

Conflitos ambientais, Código Florestal, Custo de Oportunidade, Manguezais, Salinas

Resumo

Apesar da sua importância econômica e social, a extração de sal depende da ocupação de grandes áreas às margens de estuários e baías, muitas das quais constituem Áreas de Preservação Permanentes (APP). Diante desse conflito socioeconômico-ambiental, objetivou-se mapear a ocupação de solo pela indústria salineira em APPs e estimar o impacto econômico potencial decorrente da recuperação de áreas de manguezal. Para tanto, mapeou-se a classe de uso do solo da APP do estuário do rio Apodi/Mossoró. As imagens foram georreferenciadas, vetorizadas e, em seguida, geradas as faixas de APP correspondentes, sendo essas classificadas em duas classes de uso e ocupação do solo: Salinas e Manguezal. Posteriormente, a classe Salinas foi subdivida em três subclasses: Evaporadores, Concentradores e Cristalizadores. Foram atribuídos valores para cada tipo de uso do solo. Para estimar os possíveis impactos de um projeto de recuperação foram criados 4 cenários: 1 - Cenário Atual; 2 - Recuperação de toda a APP ocupada por salinas; 3 - Recuperação das áreas ocupadas por Evaporadores e Concentradores e, 4 - Recuperação apenas das áreas ocupadas por Evaporadores. Posteriormente, para determinar qual modelo seria mais vantajoso economicamente, cada cenário foi comparado com a receita estimada para o Cenário 1 – atual (sem recuperação das áreas de APPs ocupadas), obtendo-se então o Custo de Oportunidade, sendo considerado o modelo mais vantajoso aquele com o menor custo. Observou-se que menos de ¼ da ocupação do solo corresponde à vegetação de mangue, sendo então, a maior área ocupada pelas Salinas, e dentre elas, principalmente, pelas categorias Evaporadores, Cristalizadores e Concentradores, respectivamente. Os Cenários que estimam a recuperação de toda a APP ocupada por Salinas, bem como a recuperação das áreas ocupadas por Evaporadores e Concentradores, propiciam impacto negativo sobre a atividade empresarial, empregos diretos e indiretos e consequentemente, a economia local e nacional. Possivelmente, a adoção do Cenário que prevê a recuperação e conversão de evaporadores em áreas de manguezal, enquanto há a conservação das áreas de Concentradores e Cristalizadores nas Salinas seria mais viável, pois este possibilita triplicar a área de manguezal do estuário do rio Apodi/Mossoró, além de um acréscimo substancial da receita ao ano através dos serviços ecossistêmicos prestados por esse ecossistema, ao passo que permite a manutenção da atividade salineira.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rogério Taygra Vasconcelos Fernandes, Universidade Federal Rural do Semi-Árido

Possui Graduação em Engenharia Civil e Engenharia de Pesca (Ufersa), com Mestrado em Ciência Animal - Ecologia e Conservação do Semiárido - e Doutorado em Ciência Animal - Produção e Conservação Animal no Semiárido - pela Universidade Federal Rural do Semiárido - UFERSA. É Professor Efetivo da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, onde ministrou as disciplinas de Projeto Auxiliado por Computador e Expressão Gráfica, ambas no Curso de Graduação em Bacharelado em Ciência e Tecnologia e, atualmente, ministra as disciplinas de Legislação ambiental aplicada à pesca e aquicultura e Piscicultura, ambas no curso de Engenharia de Pesca. Possui experiência na área de Engenharia Ambiental e de Pesca, atuando principalmente na Gestão ambiental de ecossistemas costeiros; Recuperação de manguezais; Monitoramento ambiental de estuários; Levantamentos de biodiversidade de ecossistemas salinos; Levantamentos Topográficos e Licenciamento Ambiental. 

Jônnata Fernandes de Oliveira, Instituto Federal do Rio Grande do Norte

Graduado em Ciências Biológicas (2011) e Mestre em Ciências Naturais (Linha de Pesquisa: Diagnóstico e Conservação Ambiental) pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, UERN (2014). Doutor em Ciência Animal (Linha de Pesquisa: Produção e Conservação Animal no Semiárido) pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido, UFERSA (2017). Pós-Doutorado no Programa de Pós-graduação em Ciências Naturais da UERN (2017). Foi líder do Grupo de Estudos em Meio Ambiente (CNPq: 2018-2021). Atuou como Professor EBTT (DIII, Nível 2) no Curso de Graduação em Ciências Biológicas do Instituto Federal do Ceará - Campus Jaguaribe, onde ministrou as disciplinas de Ecologia de Populações, Ecologia de Comunidades e Ecologia Regional. Membro titular do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente, CONDEMA do município de Jaguaribe, CE. Atualmente é docente do Instituto Federal do Rio Grande do Norte, campus Mossoró. Tem interesse nas áreas de Ciências Ambientais e Ecologia, com trabalhos publicados em periódicos nacionais e internacionais, livros e capítulos de livro nos ambientes: Lagoa, Rio, Estuário, Manguezal, Zona costeira, Semiárido, Caatinga, Cerrado e Pantanal. 

Aruza Rayana Morais Pinto, Universidade Federal Rural do Semi-Árido

É Engenheira Agrônoma formada pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido ? UFERSA, com experiência nas áreas de agroecologia, manejo e produção de aves caipiras e fitotecnia. Atua prestando consultoria para pequenos, médios e grandes produtores agrícolas nas regiões de Baraúna, Apodi, Assú e Ipanguaçú em temas como: Boas Práticas Agrícolas; Uso correto de defensivos químicos; e Manejo preventivo de pragas.

Raimunda Thyciana Vasconcelos Fernandes, Universidade Federal Rural do Semi-Árido

Graduada em Zootecnia pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (2009), Mestra em Ciência Animal, com foco no uso de Alimentos Alternativos (2013) e Doutora em Ciência Animal, com foco na Produção de Microalgas Marinhas e Tecnologia de Alimentos (2017), ambos pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa). É autora de capítulos e livros, bem como revisora de periódicos científicos, nas áreas de Produção e Nutrição Animal, de Tecnologia de Alimentos e de Monitoramento de Ambientes Salinos, Costeiros e Ecótonos. Atua, como membro externo, em projetos de pesquisa nas áreas de Produção Animal, Tecnologia de alimentos e Monitoramento Ambiental.

José Luís Costa Novaes, Universidade Federal Rural do Semi-Árido

Eu sou graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Santa Úrsula (1995), mestrado em Ecologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2001) e doutorado em Ciências Biológicas (Área de Concentração: Zoologia) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - Campus - Botucatu (2008). Pos-doutorado na University of North Texas (2014). Professor da Universidade Federal Rural do Semi-Árido - RN (UFERSA) desde de 2009, sendo hoje Professor Associado I, onde ministra disciplinas na graduação de Engenharia de Pesca (Ictiologia e Ecologia) e Biotecnologia (Ecologia e Biodiversidade). Orientador nos Programas de Pós-Graduação em Ciência Animal e Ecologia da UFERSA. Tenho interesse nas areas de ecologia de comunidades aquaticas, em especial reservatórios, conservação biológica, biodiversidade de regiões árida e semiárida.

Downloads

Publicado

2023-01-08