Composição mineral do gafanhoto aposemático semiaquático Tetrataenia surinama (Linnaeus, 1764) (Orthoptera: Acrididae)
DOI:
https://doi.org/10.6008/CBPC2179-6858.2021.007.0013Palavras-chave:
Interação inseto-planta, Composição química, ToxicidadeResumo
O gafanhoto aposemático Tetrataenia surinama (Linnaeus, 1764) (Orthoptera, Acrididae, Leptysminae), se alimenta e desenvolve seu ciclo de vida associado à macrófita aquática Montrichardia linifera (Arruda) Schott, (Araceae), planta conhecida como Aninga, considerada tóxica para vertebrados e que se encontra amplamente distribuída na região Amazônica, inclusive nos centros urbanos. Este trabalho teve como objetivo determinar, por meio de análise química, a composição mineral do gafanhoto T. surinama e relacioná-la com a composição mineral de sua planta hospedeira M. linifera (Aninga). A coleta dos gafanhotos e da Aninga foi feita na área da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Belém, Pará, no período de maio a julho/2017. Os exemplares coletados foram transferidos para o Insetário da Universidade do Estado do Pará (UEPA), onde receberam dieta exclusiva com folhas de Aninga por 21 dias (NUNES, 1989). A análise química, para determinação da composição mineral do gafanhoto foi realizada no laboratório de análises químicas da Coordenação de Ciências da Terra e Ecologia (CCTE), do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). As análises químicas do gafanhoto (em triplicata) seguiram o protocolo de Amarante et al. (2009), que já foi empregado na análise química da Aninga. Os resultados obtidos para o gafanhoto deram positivos para Cálcio (Ca), Magnésio (Mg), Ferro (Fe), Cobre (Cu), Zinco (Zn), e Manganês (Mn). O elemento de maior concentração em T. surinama foi o Cálcio para os machos (668,44 mg/kg), fêmeas (559,18 mg/kg) e imaturos (ninfas) (819,85 mg/kg) e a menor concentração nos machos foi de Manganês (44,43 mg/kg) enquanto que nas fêmeas e ninfas foi de Cobre (43,26 mg/kg e 48,44 mg/kg, respectivamente). Na Aninga, o elemento de maior concentração foi o Manganês (3612,23 mg/kg), que a torna uma ‘planta tóxica’. Embora T. surinama se alimente de Aninga (sua planta hospedeira), ele possui baixa concentração de Manganês e, por isso, não pode ser considerado tóxico, caso seja ingerido por consumidores na cadeia alimentar. Portanto, as 'cores de advertência' (aposematismo) existente no gafanhoto, não indica toxicidade, mas pode representar uma estratégia de sobrevivência, produto do processo de coevolução de T. surinama com sua planta hospedeira M. linifera.
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