Turismo de observação de baleias: em busca de um elo perdido
DOI:
https://doi.org/10.6008/ESS1983-8344.2008.001.0010Palavras-chave:
EcoturismoResumo
O turismo de observação de baleias está entre as atividades de turismo que mais crescem no mundo. Essa atividade além de gerar recursos aos operadores das embarcações, também agrega benefícios econômicos à população local através da venda de artesanatos, da hotelaria e de restaurantes. O turismo de observação de baleias pode promover também a mudança de valores naqueles que dele participam valorizando as baleias como recurso natural vivo. As formas como os indivíduos se relacionam com o meio onde estão inseridos irão determinar suas ações em prol da conservação das espécies, ou não. A educação ambiental aliada a essa atividade pode contribuir para que a transformação de sentimentos, valores e atitudes, antes predatórios, tornem-se coerentes com a conservação da diversidade de vida. Utilizando-se de questionários de auto-avaliação aplicados antes das palestras educativas e após o desembarque de 72 turistas na Praia do Forte, Bahia, em cruzeiros de observação de baleias Jubarte (Megaptera novaeangliae) pode-se quantificar os sentimentos e valores dos grupos estudados. Para quantificar as mudanças de sentimentos e valores fez-se uso de escalas analógicas visuais, método de psicologia experimental. Esse método consta de uma reta de 100 mm que supostamente apresenta, em toda sua extensão, toda gama de um sentimento. Após a análise dos dados, pôde-se constatar mudanças estatisticamente significativas em quatro das questões. Duas dessas questões buscaram avaliar o conhecimento prévio sobre a vida marinha e a biologia das baleias e obtiveram resultados diferentes do conhecimento avaliado após a palestra e o avistamento das baleias segundo o critério de auto-avaliação (p= 0,0057 e p=0,000 segundo o teste Kruskal-Wallis). A questão seguinte que apresentou diferença significativa (p=0,04, Kruskal-Wallis) mostra que o turista antes do embarque mostrava-se indeciso ou a favor do retorno à caça de baleias e posteriormente passa a discordar dessa prática. Outra mudança observada é que o turista passa a ver essa modalidade de turismo como uma ferramenta à conservação de outras espécies marinhas além da baleia Jubarte (p=0,039, Kruskal-Wallis). Tais resultados vêm corroborar a tese de que a prática do turismo de observação de baleias pode ser não só uma ferramenta lúdica, mas também educativa quando torna os indivíduos maduros para perceberem criticamente o ambiente que os cerca.
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