Viabilidade do turismo no bioma caatinga: Da linguagem do ambiente para a linguagem do ecoturista
DOI:
https://doi.org/10.6008/ESS1983-8344.2008.001.0014Palavras-chave:
EcoturismoResumo
Considerar que atividades ecoturísticas são indicadas apenas para ambientes terrestres úmidos com exuberante cobertura vegetal e fauna de fácil visualização não corresponde à realidade. Sendo assim, e considerando que um dos objetivos do ecoturismo é a interpretação ambiental, este contribui para a conservação do meio no qual se dá e promove o bem-estar das populações envolvidas, dos ambientes áridos, semi-áridos e subúmidos secos os quais apresentam amplas possibilidades de comportarem atividades ecoturísticas. É o caso do semi-árido brasileiro, domínio do bioma Caatinga, endêmico do Brasil e hoje Reserva da Biosfera, que se apresenta fortemente diversificado em resposta às suas especificidades locais. Nesse contexto, o trabalho busca ressaltar a relevância de compreensão das múltiplas interações que se dão entre os diversos elementos componentes de uma trilha ecoturística a partir da fitofisionomia e biota do bioma, tomando como objeto de estudo o ambiente da caatinga na região de Xingó. A pesquisa foi realizada a partir da revisão bibliográfica e observação de duas trilhas no Pólo Ecoturístico Canyon do Rio São Francisco, no sertão de Alagoas e de Sergipe, destacando-se as características das espécies vegetais representativas do ambiente semi-árido. Foi observado o porte, a densidade, o tamanho, a cor e a textura das folhas, o tipo e forma dos caules e das raízes, a estratificação, a maior ou menor presença de ervas, arbustos e árvores para se ter um real conhecimento das potencialidades da caatinga para a interpretação ambiental e a forma como os condutores e ecoturistas exploram as trilhas. Os resultados apontam que a interpretação dos elementos que compõem o ambiente não é explorada utilizando-se as interações existentes, a fisionomia das diferentes espécies ou o que condiciona a presença do bioma na região, mas, apenas características de algumas espécies e o uso de algumas plantas. Apontam ainda para as necessidades relacionadas ao planejamento, gestão e monitoramento da atividade, incluindo investimento na qualificação de condutores e sensibilização dos praticantes dessa forma de fazer turismo e amplia a discussão para a viabilidade do ecoturismo como forma de uso sustentável do ambiente semi-árido possibilitando, inclusive, a recuperação de áreas degradadas.
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