Resistência fenogenotípica em bactérias de água doce

Autores

DOI:

https://doi.org/10.6008/CBPC2179-6858.2023.004.0001

Palavras-chave:

Microbiologia, Resistência bacteriana, Antibióticos, Saúde única

Resumo

O Brasil é um país privilegiado com relação aos seus recursos naturais e, entre estes, os recursos hídricos têm relevante papel ecológico, econômico, estratégico e social. Apesar desse elevado potencial, ações antrópicas como lançamento de efluentes não tratados em rios, lagos e córregos, têm influenciado de forma negativa a qualidade das águas, ocasionando um sério desequilíbrio no ecossistema aquático. É importante ressaltar que no Brasil não existem políticas públicas relacionadas ao descarte inapropriado de dejetos no ambiente aquático e esse fator colabora para a sua poluição. Dentre os poluentes comuns, é possível destacar os fármacos antimicrobianos, visto que diversos estudos têm apontado para a problemática do aumento da resistência microbiana em todo o mundo e, em vários ambientes, inclusive o aquático. Baseado nisso e levando em consideração que a microbiota bacteriana encontrada nos peixes vivos está diretamente relacionada à microbiota do ambiente, este trabalho teve como objetivo avaliar a diversidade e o perfil de resistência a antimicrobianos de bactérias isoladas de peixes provenientes do Rio Guandu, Seropédica-RJ. Foram coletados e identificados peixes do Rio Guandu. Logo após, foi realizada a necropsia desses animais e amostras de swab foram coletadas de seu intestino. Em seguida, foi realizado o isolamento bacteriano e a identificação bioquímica e proteômica dos isolados. Para formulação do perfil de resistência, foi feita a detecção fenotípica aos antimicrobianos e a nível genômico foi realizada a extração do DNA bacteriano e amplificação de genes de resistência. Um total de 30 peixes foram coletados e identificados, sendo Pimelodus maculatus, Geophagus brasiliensis e Oligoplites saliens as espécies de maior ocorrência. A partir do material intestinal destes peixes, foram isoladas 32 cepas bacterianas, distribuídas em 11 espécies. Escherichia coli foi a espécie bacteriana que apresentou maior incidência. As bactérias apresentaram resistência a gentamicina, sulfazotrim, ampicilina, cefotaxima, ceftazidima e amoxicilina com clavulanato. Após análise, nenhuma obteve perfil fenotípico para produção de β-lactamases, mas foram detectados os genes blaSHV, blaCTX-M, qnrS e mcr-1 nas bactérias. Tais resultados evidenciam a urgência na criação de políticas públicas para um monitoramento constante dos ambientes aquáticos, visto que existem bactérias resistentes a grande parte dos antimicrobianos testados nos peixes do Rio Guandu além, da presença de genes de resistência, indicando a possibilidade de disseminação de resistência em todo ecossistema. Assim, o presente estudo demonstra extrema relevância no âmbito da saúde única, alertando sobre a importância de observar todos os ambientes de forma interligada.

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Biografia do Autor

Natalia dos Santos Pinheiro, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Possui graduação em Farmácia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Foi monitora voluntária de Microbiologia Básica I do Departamento de Microbiologia e Imunologia Veterinária (2018-2019), posteriormente tornou-se monitora bolsista (2019-2020). Também atuou como aluna de Iniciação Científica no Laboratório de Bacteriologia Veterinária (2020-2023). Além de ser membro do Conselho Regional de Informação sobre Medicamentos (CRIM) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2020-2023). 

Beatriz Oliveira de Farias, Fundação Oswaldo Cruz

Graduada em Farmácia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), com período de intercâmbio na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP), Portugal. Especialista e Mestre em Vigilância Sanitária pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) da Fundação Oswaldo Cruz (RJ), tendo atuado como membro da Rede Genômica da Fiocruz e da Coleção de Culturas de Vigilância em Saúde Única (CCVSU). Atualmente é doutoranda em Saúde Pública e Meio Ambiente na Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz).

Thereza Cristina da Costa Patricio, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Doutoranda pelo Programa de Pós Graduação em Vigilância Sanitária (PPGVISA) do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz), estando vinculada ao Setor de Bactérias e Arqueas do Laboratório de Microrganismos de Referência (LMR/SBA). Mestra em Ciências pelo Programa de Pós Graduação em Ciências Veterinárias (PPGCV) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2023), na área de análise microbiológica de águas e pesquisas feno-genotípica da resistência em enterobactérias com aplicação à Saúde Única. Graduada em Farmácia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2021). Foi aluna de Iniciação Científica Voluntária do Laboratório de Bacteriologia Veterinária da UFRRJ (2017-2018) e posteriormente Bolsista PIBIC (2018-2021), atuando em projetos relacionados à pesquisa de enterobactérias resistentes em amostras de frangos de corte. Além disso, foi Coordenadora Geral do Diretório Acadêmico de Farmácia Diogo de Castro da UFRRJ (2019-2020) e membro do PET Saúde/Interprofissionalidades (2019-2021).

Paula Fernanda Alves Ferreira, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Graduada em Engenharia Agronômica pela Universidade Estadual do Maranhão (2019) e Mestre em Agronomia - Ciência do solo pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2021). Atualmente possui doutorado em andamento também em Agronomia - Ciência do solo pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Microbiologia do solo.

José Luis Fernando Luque Alejos, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Possui graduação em Ciências Biologicas - Universidad Ricardo Palma (1984), Lima, Peru; doutorado em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (1994) e Pós-doutorado em Ecologia e Biodiversidade de parasitos no Parasitology Research group, Department of Zoology, University of Otago, Nova Zelândia (2006 -2007) sob a supervisão do Dr. Robert Poulin. Tem publicado 354 artigos completos em periódicos científicos e 6 capítulos de livro, apresentando 360 comunicações em eventos científicos. Orientou 31 teses, 32 dissertações e 22 alunos de iniciação científica. Participou de 194 bancas de trabalhos de conclusão de curso. Professor Titular do Departamento de Parasitologia Animal da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da UFRRJ (2008-2016) e professor permanente nos Programas de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias e de Biologia Animal da UFRRJ. Foi integrante da Comissão avaliadora do quadriênio dos programas de Pós-Graduação, 2012-2016, da área de Medicina Veterinária da CAPES. Foi membro dos seguintes conselhos superiores da UFRRJ: Conselho de Unidade (CONSUNI) do Instituto de Veterinária; Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão de Área - Agrárias (CEPEA); Conselho de Curadores (CONCU) e Conselho Universitário (CONSU). Coordenador de Relações Internacionais e Interinstitucionais da UFRRJ (Abril 2017-2022). Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-graduaçao da UFRRJ (2022-). Membro da Associação Brasileira de patologistas de Organismos Aquáticos (ABRAPOA). Presidente do XV Encontro Brasileiro de Patologistas de Organismos Aquáticos (Abrapoa), Rio de Janeiro, 2018. Bolsista de produtividade de pesquisa do CNPq desde 1998, Membro titular do Comitê de Assessoramento de Aquicultura e Recursos Pesqueiros do CNPq (2011-2014). Líder do grupo de pesquisa "Parasitologia de organismos aquáticos" cadastrado no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq. Tem experiência na área de Ictioparasitologia e Helmintologia animal atuando principalmente nos seguintes temas: Taxonomia e biodiversidade dos parasitos de organismos aquáticos na região Neotropical; ecologia de populações e comunidades parasitárias e parasitos de peixes com importância zoonótica.

Miliane Moreira Soares de Souza, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Possui graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (1992), mestrado em Microbiologia Veterinária (1996) e doutorado em Ciências Veterinárias pela UFRRJ (2000) e pós-doutorado em genética microbiana na UNRC-Córdoba- AR (2011). Professora titular da área de bacteriologia da UFRRJ atuando como orientadora nos Programas de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias e Ciência, Tecnologia e Inovação em Agropecuária. Atua principalmente na análise da diversidade, resistência e virulência de agentes bacterianos em ambientes de produção, manutenção e cuidados clínicos de animais numa abordagem de Saúde Única. Atuou como Coordenadora do Curso de Graduação em Medicina Veterinária da UFRRJ (2004-2013), como presidente da CPA - UFRRJ (2012-2013), e na Direção do Instituto de Veterinária da UFRRJ (2013-2021). Atualmente, ocupa o cargo de Pró-Reitora de Gestão de Pessoas desta IFES. Membro da Comissão Nacional de Educação em Medicina Veterinária/CFMV, anteriormente foi membro da Comissão Assessora ENADE/ INEP na área de Medicina Veterinária (2013/2016) e da Comissão de Ensino do CRMV-RJ. Participou como bolsista do programa Jovem Cientista do Nosso Estado da FAPERJ. É bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - nível 2 e Cientista do Nosso Estado (FAPERJ).

Irene Silva Coelho, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Possui graduação em Agronomia (2003) pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Mestrado (2005) e Doutorado (2008) em Microbiologia Agrícola pela UFV. Tem experiência na área de Microbiologia, com ênfase em Genética Molecular e de Microrganismos, atuando principalmente nos seguintes temas: Avaliação da diversidade genética de microrganismos utilizando marcadores moleculares, avaliação da expressão gênica, transformação genética de microrganismos e cariótipo molecular. Foi pesquisadora no MCCS - Mars Center for Cocoa Science, atuando principalmente em projetos voltados para a avaliação da diversidade de microrganismos relacionados a fermentação de cacau e seu impacto na geração do sabor de chocolate. Professora Adjunta do Departamento de Microbiologia e Imunologia Veterinária na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro desde 2010. Presidente da Comissão Interna de Biossegurança da UFRRJ. É membro da Comissão de Gestão do Patrimônio Genético e de Conhecimento Tradicional Associado da UFRRJ que regula assuntos relacionados ao SisGen. É Docente Permanente no Programa de Pós-graduação em Ciência, Tecnologia e Inovação Agropecuária (PPGCTIA) e em Agronomia - Ciência dos Solos da UFRRJ, atuando principalmente no tema DIVERSIDADE MICROBIANA E RESISTOMA EM AMBIENTES DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA. Atua na orientação de monografias, trabalhos de conclusão de curso, bolsistas de iniciação científica, dissertações de mestrado e teses de doutorado. Pesquisadora associada do Laboratório Bacteriologia Veterinária e de Estudo das Relações Solo-Planta (LSP), e coordenadora do Laboratório de Diversidade Microbiana. Foi Bolsista de Produtividade 2 do CNPq de 2019-2022 e Jovem Cientista do Nosso Estado pela FAPERJ de 2018 a 2022. 

Shana de Mattos de Oliveira Coelho, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Professora associada do Departamento de Microbiologia e Imunologia Veterinária da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (desde 2009). Foi chefe do departamento (2021-2023) e atualmente é Coordenadora de Relações Internacionais e Interinstitucionais da UFRRJ (CORIN). Possui graduação em Ciências Biológicas (Bacharelado) pela Universidade de Vassouras, mestrado em Microbiologia Veterinária (2005) e doutorado em Ciências Veterinárias (2008) pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Realizou Doutorado Sanduíche pela Universidade Nacional de Rio Cuarto - Argentina (2006) com enfoque em Microbiologia Veterinária. É orientadora permanente de alunos de iniciação científica, além de orientar discentes de mestrado e doutorado do Programa de Pós Graduação em Ciências Veterinárias (Conceito CAPES 6). Coordena o Laboratório de Bacteriologia, cuja linha de pesquisa tem sido fundamentada na análise microbiológica de águas além da pesquisa feno-genotípica da resistência em enterobactérias, provenientes de amostras de origem animal e humana, bem como na busca por métodos moleculares que auxiliam na compreensão da sua disseminação no ambiente. 

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Publicado

2023-12-29

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