Etnozoologia no Brasil central: os animais na cultura do povo Inỹ/Javaé

Autores

DOI:

https://doi.org/10.6008/CBPC2179-6858.2021.010.0042

Palavras-chave:

Etnobiologia, Indígenas Javaé, Saberes tradicionais, Ethnofauna

Resumo

A utilização de animais ou seus derivados em diferentes populações humanas caracteriza práticas tradicionais, representando um campo de pesquisa que integra difusão de conhecimentos, interações e conservação da biodiversidade. Este estudo versa sobre a etnofauna de um grupo indígena do sudoeste Tocantinense e tem como objetivo descrever os aspectos utilitários relacionados aos animais para discutir questões ambientais e culturais. Trata-se de uma pesquisa de caráter exploratório, com aplicação dos métodos etnográficos e etnobiológico e técnicas Folk, observação e entrevista semiestruturada. Foram entrevistados lideranças, xamãs, anciãos e representantes da comunidade os quais citaram nomes de 43 animais de uso múltiplos, sendo (2) invertebrados e (41) vertebrados distribuídos entre mamíferos (16), peixes (9), répteis (8) e aves (8), não havendo a menção de anfíbios. Constatou-se que os animais têm expressiva relevância sociocultural para esse povo com ênfase para cinco aspectos: alimentício, artesanal, medicinal, mitos/ritos e doméstico. Foram 27 espécies indicadas como preferência alimentar com destaque para mamíferos, répteis e peixes, capturados através de diversas estratégias de caça e pesca. Outras 24 foram relacionadas aos mitos e ritos, 21 associadas ao artesanato, 17 ao âmbito doméstico e 11 à zooterapia. Em situações de acidentes com animais peçonhentos, o tratamento cultural com o xamã é prioritário em relação ao atendimento hospitalar. Esses indígenas estabelecem vínculos culturais com a etnofauna manifestados na sua cosmologia e no seu cotidiano. O estilo particular de interagir com o ambiente e os animais, seja física ou simbolicamente, é o que nos ensina seu modelo socioambiental.

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Biografia do Autor

Maria do Carmo Pereira dos Santos Tito, Universidade Federal do Tocantins

Possui graduação em Ciências Biológicas, pela Universidade do Tocantins (2004). Especialização em Planejamento e Gestão Ambiental, pela da Universidade Federal do Tocantins/UFT (2008) e Especialização em Educação com ênfase em Educação de Jovens e Adultos, pelo Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Tocantins/IFTO (2009). Mestrado em Ciências do Ambiente pela Universidade Federal do Tocantins/UFT (2013) e atualmente é doutoranda do Programa de Pós Graduação em Ciências do Ambiente da Universidade Federal do Tocantins. É docente efetiva da Secretaria Estadual de Educação e como pesquisadora tem experiência na área de Biologia geral, Meio ambiente e cultura, atuando principalmente nos seguintes temas: educação básica e superior, meio ambiente, etnobiologia, cultura e saberes tradicionais indígena.

Odair Giraldin, Universidade Federal do Tocantins

Possuo graduação em História pela Universidade Estadual de Campinas (1989), mestrado em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas (1994) com pesquisa sobre a história do povo Kayapó do Sul (antepassados dos atuais Panará) e doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (2000) com pesquisa junto aos Apinajé. Atualmente sou professor associado IV da Fundação Universidade Federal do Tocantins (UFT). Atuo na graduação em História, no Programa de Mestrado e Doutorado em Ciências Ambientais (PGCIAMB) e no Programa de Pós-Graduação em História das Populações Amazônicas (PPHISPAM), ambos da UFT. Tenho experiência na área de Antropologia, com ênfase em Organização Social, Cosmologia, Etnohistória e Educação Indígena. Dedico-me aos seguintes temas: educação indígena, etnohistória, conflitos interétnicos e etnologia. Coordeno o Núcleo de Estudos e Assuntos Indígenas (NEAI), onde também coordeno a Ação Saberes Indígenas na Escola. Realizo pesquisas sobre gêneros vocais Apinaje.

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Publicado

2021-10-20