Impacto das cheias na estrutura física das escolas da várzea de Santarém

Autores

  • Liana Oighenstein Anderson Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais
  • Raimunda Lucineide Gonçalves Pinheiro Universidade Federal do Oeste do Pará

DOI:

https://doi.org/10.6008/CBPC2179-6858.2022.003.0024

Palavras-chave:

Populações tradicionais, Sustentabilidade, Educação, Sazonalidade

Resumo

As várzeas amazônicas possuem uma dinâmica que as caracterizam como um ecossistema complexo, com muitas lacunas a serem respondidas pelas ciências aplicadas e ciências sociais. A cada cheia, enchente, vazante e seca um novo aspecto é imposto à geografia da várzea e a vida cotidiana das pessoas. Essa pesquisa teve como objetivo contribuir para a geração de dados e informações que auxiliem uma perspectiva de desenvolvimento sustentável, focando na realização de um diagnóstico dos impactos da sazonalidade de eventos naturais e seus extremos na infraestrutura das escolas da várzea de Santarém. Primeiramente, realizou-se levantamento do número de escolas municipais em funcionamento, as paralisadas, interditadas e reconstruídas entre 1999-2019. Em seguida, utilizando registros fotográficos e depoimento de comunitários, foi estruturado um diagnóstico de eventos terras caídas e terras crescidas para as três microrregiões estudadas, com maior detalhamento focado nas escolas-pólo de cada microrregião. Após a estruturação dos dados sobre os impactos levantados, foram realizados encontros com lideranças de cada microrregião para sua confirmação. Observou-se que, entre anos de 2005 a 2019 as escolas de várzea em Santarém foram anualmente afetadas por eventos naturais que causaram danos nas estruturas dos prédios e prejuízos de ordem material e imaterial. Entre os anos de 2008 e 2009, cinco escolas ribeirinhas da várzea foram inutilizadas pela cheia e terras caídas e onze foram seriamente avariadas, deixando mais de 450 alunos estudando em espaços improvisados. Das 33 escolas localizadas nas três microrregiões que compõem a Ilha Grande do Tapará ou Triângulo do Tapará, 25% das foram desativas de modo permanente entre 1999 e 2019. O número de matrículas no ensino fundamental manteve-se estável nas escolas polos localizadas nas vilas e comunidades maiores e mais consolidadas e, muito oscilante nas pequenas comunidades mais afastadas. O fechamento de escolas apresenta uma relação com o êxodo dos moradores que merece uma melhor investigação. Conclui-se que eventos de desastres naturais e sazonais que trazem limitações e danos ao exercício da prática pedagógica na várzea de Santarém. Estes eventos, potencializados pelas mudanças climáticas apresentam-se como desafios, mas podem devem ser considerados barreiras para a garantia do direito a educação devido ao não cumprimento da Lei de Diretrizes e bases da educação nacional (Lei 9394/96), que estabelece que o ano letivo tenha 200 dias letivos e 800 horas de estudo efetivo.

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Biografia do Autor

Liana Oighenstein Anderson, Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais

possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Campinas (2001), mestrado em Sensoriamento Remoto pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE,2004), com treinamento na Universidade de Maryland (EUA, 2003), Doutorado pela School of Geography and the Environment da Universidade de Oxford (Inglaterra, 2006-2011) e Pós-Doutorado pelo Environmental Change Institute da Universidade de Oxford (2011-2014). É Pesquisadora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) desde 2014. A principal linha de pesquisa de Liana refere-se a gestão do risco e de impactos associados associados a incêndios florestais, mas tem ampla experiência na temática de impactos de extremos climáticos nos ecossistemas e populações amazônicas. É Docente da Pós-Graduação do curso de Sensoriamento Remoto (INPE), e lidera uma equipe de 13 jovens pesquisadores, da Iniciação Científica ao Doutorado. A pesquisadora lidera um projeto de pesquisa com verba internacional e participa de outros 9 projetos com financiamento FAPESP, CNPq e fundos internacionais. ** Liana recebeu em Agosto de 2020 a Medalha de Defesa Civil Municipal ?Laurita Pedroso De Oliveira? de 3º Classe de Barra Velha - SC, conforme publicado no DECRETO Nº 1.430, DE 10 DE AGOSTO DE 2020. ** Desde Março de 2017 , Liana possuiu Bolsa de Produtividade do CNPq (processo 309247/2016-0; 314473/2020-3). Página pessoal - http://www.liana-anderson.org/ ****Indicadores acadêmicos quantitativos****** Google Citations: 8,843, h-index: 41, i-10 index: 88

Raimunda Lucineide Gonçalves Pinheiro, Universidade Federal do Oeste do Pará

Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Federal do Pará (1992) e mestrado em Educação pela Universidade Federal do Amazonas (1998). Professora da Universidade Federal do Pará (1993 - 2012). Atualmente é professora adjunto da Universidade Federal do Oeste do Pará. Tem experiência na área de Ciências Ambientais, com ênfase em educação para uso sustentável da água, atuando principalmente nos seguintes temas: educação ribeirinha de várzea, educação para uso sustentável da água. Juventude e mudanças climáticas. Protagonismo de jovens na Amazônia. Impactos do rio amazonas nas comunidades e escolas de várzea do Baixo Amazonas. 

Publicado

2022-07-02

Edição

Seção

Desenvolvimento, Sustentabilidade e Meio Ambiente